Internacional

Países ricos cortam gasto em inovação

Analistas alertam sobre impactos econômicos.

Valor Econômico
02/10/2012 17:42
Visualizações: 138

 

Empresas de países desenvolvidos cortaram bilhões de dólares de investimentos no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), numa das consequências mais nocivas da pior crise econômica dos últimos tempos, conforme a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Isso terá impacto sobre a inovação, competitividade internacional e crescimento desses países no longo prazo, alertam analistas.
A tendência é percebida na Europa como inquietante, diante da forte expansão de investimentos em P&D por emergentes asiáticos como China, Coreia do Sul e Índia.
"Assistimos ao fenômeno de corrida dos emergentes para superar o atraso tecnológico", diz Jean Hervé Lorenzi, membro do Comitê de Análise Econômica (CAE), orgão auxiliar do primeiro-ministro francês, e presidente do Cercle des Economistes, que reúne economistas importantes de diversas tendências políticas na França.
"Se essa corrida dos emergentes vai durar, é outra questão, mas no momento é o que acontece", acrescentou o economista.
Segundo a OCDE, que reúne os principais países ricos, o total de investimento feitos por empresas nos seus países-membros caiu 4,5% em média em 2009, no primeiro ano após a crise, com exceção da França e da Coreia do Sul.
Na União Europeia (UE), os investimentos em P&D caíram de US$ 165 bilhões em 2008, no começo da crise, para US$ 162 bilhões em 2010. No Japão, o investimento recuou 10% entre 2008 e 2010 e ficou em US$ 98 bilhões.
A maior retração das empresas em gastos com inovação ocorre, sem surpresa, no sul e no leste europeus, mas o cenário também é pouco animador na Alemanha, EUA e Reino Unido. O menor avanço da inovação nos desenvolvidos é ilustrado no número de patentes internacionais, que só passou de 151 mil registros em 2008, no começo da crise, para 160 mil no ano passado. Na União Europeia, o resultado é ainda mais tímido, com os registros de patentes subindo de 49 mil para 50 mil no período.
Enquanto a crise faz estragos na Europa, emergentes asiáticos continuaram a investir em P&D. Esses gastos cresceram 29,5% na China e 20,5% na Coreia do Sul e Índia entre 2008 e 2010. Na China, a participação das empresas em P&D foi de 70% do total em 2010, ante 67% na Alemanha, 50% na França e 45% no Reino Unido.
Analistas observam que o impacto da crise econômica sobre P&D foi menor em setores de alta tecnologia, como indústria aeronáutica, de tecnologia da informação e saúde, do que em setores de tecnologia dita média, como a indústria automotiva.
Até agora, governos têm procurado aumentar os gastos em P&D para compensar pelo menos em parte a retração das empresas. Os subsídios do setor público ocorrem com instrumentos como crédito fiscal para pesquisa.
A França, por exemplo, dá isenção fiscal de 50% à instalação de empresa no país e de 40% no primeiro ano do investimentos, até € 100 milhões. Segundo analistas, o custo para os cofres franceses é de US$ 6 bilhões por ano.
Após anos de recuo, os gastos em P&D feitos tanto por empresas privadas como públicas na França voltaram em 2010 ao nível de 2001, de 1,4% do PIB, com US$ 30,5 bilhões - um terço do Japão.
No relatório sobre perspectivas da ciência, tecnologia e indústria, a OCDE sugere a seus membros que adotem estímulos mais efetivos para a inovação, a começar pelas pequenas e médias empresas.
A OCDE sugere às empresas que tentem preservar o capital humano acumulado. Desemprego duradouro pode causar enorme desatualização de profissionais em relação a inovação tecnológica, principalmente nas áreas aeronáutica, biotecnológica e de informática.
A intervenção do Estado na economia vem crescendo na Europa, no rastro da crise. Reino Unido e França preparam a criação de bancos estatais de fomento, espécie de mini-BNDES, que estarão no centro de novas políticas industriais, inclusive para não perderem espaço para os asiáticos.

Empresas de países desenvolvidos cortaram bilhões de dólares de investimentos no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), numa das consequências mais nocivas da pior crise econômica dos últimos tempos, conforme a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Isso terá impacto sobre a inovação, competitividade internacional e crescimento desses países no longo prazo, alertam analistas.


A tendência é percebida na Europa como inquietante, diante da forte expansão de investimentos em P&D por emergentes asiáticos como China, Coreia do Sul e Índia.


"Assistimos ao fenômeno de corrida dos emergentes para superar o atraso tecnológico", diz Jean Hervé Lorenzi, membro do Comitê de Análise Econômica (CAE), orgão auxiliar do primeiro-ministro francês, e presidente do Cercle des Economistes, que reúne economistas importantes de diversas tendências políticas na França.

 

"Se essa corrida dos emergentes vai durar, é outra questão, mas no momento é o que acontece", acrescentou o economista.

 

Segundo a OCDE, que reúne os principais países ricos, o total de investimento feitos por empresas nos seus países-membros caiu 4,5% em média em 2009, no primeiro ano após a crise, com exceção da França e da Coreia do Sul.


Na União Europeia (UE), os investimentos em P&D caíram de US$ 165 bilhões em 2008, no começo da crise, para US$ 162 bilhões em 2010. No Japão, o investimento recuou 10% entre 2008 e 2010 e ficou em US$ 98 bilhões.


A maior retração das empresas em gastos com inovação ocorre, sem surpresa, no sul e no leste europeus, mas o cenário também é pouco animador na Alemanha, EUA e Reino Unido. O menor avanço da inovação nos desenvolvidos é ilustrado no número de patentes internacionais, que só passou de 151 mil registros em 2008, no começo da crise, para 160 mil no ano passado. Na União Europeia, o resultado é ainda mais tímido, com os registros de patentes subindo de 49 mil para 50 mil no período.


Enquanto a crise faz estragos na Europa, emergentes asiáticos continuaram a investir em P&D. Esses gastos cresceram 29,5% na China e 20,5% na Coreia do Sul e Índia entre 2008 e 2010. Na China, a participação das empresas em P&D foi de 70% do total em 2010, ante 67% na Alemanha, 50% na França e 45% no Reino Unido.


Analistas observam que o impacto da crise econômica sobre P&D foi menor em setores de alta tecnologia, como indústria aeronáutica, de tecnologia da informação e saúde, do que em setores de tecnologia dita média, como a indústria automotiva.


Até agora, governos têm procurado aumentar os gastos em P&D para compensar pelo menos em parte a retração das empresas. Os subsídios do setor público ocorrem com instrumentos como crédito fiscal para pesquisa.


A França, por exemplo, dá isenção fiscal de 50% à instalação de empresa no país e de 40% no primeiro ano do investimentos, até € 100 milhões. Segundo analistas, o custo para os cofres franceses é de US$ 6 bilhões por ano.


Após anos de recuo, os gastos em P&D feitos tanto por empresas privadas como públicas na França voltaram em 2010 ao nível de 2001, de 1,4% do PIB, com US$ 30,5 bilhões - um terço do Japão.


No relatório sobre perspectivas da ciência, tecnologia e indústria, a OCDE sugere a seus membros que adotem estímulos mais efetivos para a inovação, a começar pelas pequenas e médias empresas.


A OCDE sugere às empresas que tentem preservar o capital humano acumulado. Desemprego duradouro pode causar enorme desatualização de profissionais em relação a inovação tecnológica, principalmente nas áreas aeronáutica, biotecnológica e de informática.


A intervenção do Estado na economia vem crescendo na Europa, no rastro da crise. Reino Unido e França preparam a criação de bancos estatais de fomento, espécie de mini-BNDES, que estarão no centro de novas políticas industriais, inclusive para não perderem espaço para os asiáticos.

 

Mais Lidas De Hoje
Veja Também
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

20