Brasil Econômico
Praticamente aprovado o novo marco regulatório do pré-sal, o Brasil deverá assistir já nos próximos meses uma nova onda de fusões, aquisições, joint ventures e parcerias em toda cadeia do setor.
Estudo da consultoria Ernst & Young sobre as perspectivas da indústria petrolífera brasileira - ao qual o Brasil Econômico teve acesso - revela que boa parte dos negócios se dará entre as companhias já presentes no mercado brasileiro, mas uma fatia significativa das fusões e aquisições ocorrerá entre fornecedores de bens e serviços, que precisam se qualificar para atender as exigências de conteúdo local do país.
Para o especialista em Energia da Ernst & Young, Carlos Alberto de Assis, o processo, entre os fornecedores, será liderado por companhias estrangeiras com interesse em nacionalizar a produção.
Embora evite projetar um volume total de recursos envolvidos nas fusões, Assis lembra que o setor brasileiro de petróleo deverá receber investimentos diretos de US$ 190 bilhões até 2013.
Tal volume, projeta o executivo, inclui não só os desembolsos previstos pela Petrobras e demais petroleiras no país, mas também de fornecedoras de bens e serviços.
Com periodicidade trimestral, o levantamento engloba o primeiro trimestre deste ano. Não leva em consideração, portanto, episódios recentes da indústria petrolífera mundial, como o vazamento no Golfo do México da plataforma Deep Water Horizon, operada pela Transocean à serviço da British Petroleum (BP), do Reino Unido.
De qualquer forma, o executivo avalia que o acidente, no curto prazo, deverá ter impacto sobre os investimentos do setor, que deverão ser elevados como consequência do encarecimento dos custos com seguros e novas normas de segurança.
Entre 2015 e 2012, pondera Assis, esses mesmos custos deverão se estabilizar.
Para o executivo, independentemente do impacto do acidente no Golfo, as transações no Brasil deverão se intensificar nos próximos meses, como consequência direta de definições como o novo marco regulatório do pré-sal.
"Embora ainda persista uma certa insegurança quanto aos rumos da regulação brasileira, a aprovação do novo marco regulatório abre uma perspectiva positiva para as empresas interessadas", avalia o executivo, ao lembrar que, embora o novo sistema de partilha não represente o melhor modelo para os investidores, muito pior seria a indefinição de regras.
Além das reservas do pré-sal, que são muito grandes comparativamente com outras províncias petrolíferas, a atratividade também se justifica, de acordo com o executivo, por um conjunto de fatores resumido por estabilidade econômica, segurança institucional e respeito às regras.
Assis lembra, no entanto, que o tamanho das reservas amplia proporcionalmente a quantidade de oportunidades para novas empresas no país.
Para a Ernst & Young, os negócios deverão ocorrer em duas etapas. Na primeira, por meio de associações entre petrolíferas estrangeiras e a Petrobras, com objetivo de explorar as reservas do pré-sal.
Paralelamente, uma segunda frente de negócios será aberta por meio de parcerias e fusões, tanto por fornecedoras estrangeiras quanto nacionais, em busca de adequação aos padrões nacionais de conteúdo local.
"Uma característica identificada pelo estudo nesse novo processo de fusões e aquisições é que, ao contrário de outros ciclos semelhantes, desta vez os negócios serão menos numerosos, mas deverão envolver um volume maior de recursos", avalia Assis.
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