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Oferta de álcool inferior à esperada

Valor Econômico
01/09/2006 03:00
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A pressão dos usineiros pelo aumento da mistura do álcool anidro na gasolina de 20% para 25% começa a perder a força dos argumentos técnicos com a divulgação da segunda estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2006/07 de cana, iniciada em abril no centro-sul e em agosto no Nordeste do país.

Prejudicadas pela seca em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as lavouras registraram uma produtividade abaixo das projeções preliminares. Isso deve deixar a oferta de álcool mais ajustada à demanda no período da entressafra. No total, o rendimento da cana no centro-sul, que responde por 86% do total nacional, cresceu apenas 2,8%. A Conab estima uma retração de 7% na produção de álcool anidro na região para 8,47 bilhões de litros, ou 573,6 milhões de litros a menos em relação à safra 2005/06.

"É prematura a discussão sobre alteração na mistura. Isso pode causar uma pressão de demanda e um aumento de preços ao consumidor", disse o presidente da Conab, Jacinto Ferreira. A posição do ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, é semelhante. Ao mesmo tempo, a produção de álcool hidratado deve crescer 22% - ou 1,54 bilhão de litros - para 9,3 bilhões de litros.

A demanda por álcool será sustentada pelas maiores vendas de veículos flex fuel. "O consumo interno deve crescer de 13,5 milhões para 14 milhões de litros neste ano", disse o economista da Conab, Paulo Morceli. As exportações também devem aumentar, passando de 2,6 bilhões para 3 bilhões de litros. Dessa forma, seria absorvida toda a produção adicional de 818 milhões de litros prevista para a atual safra, que deve passar de 16,99 bilhões para 17,81 bilhões de litros - um acréscimo de 4,8%.

A pressão dos usineiros poderia ser atendida com a liberação de recursos para estocagem em caso de forte queda nos preços, que, apesar do auge da safra, não ocorreu. O Banco do Brasil opera uma linha de R$ 550 milhões com juros de 9,5% ao ano. "Seria uma solução para capital de giro", disse Ferreira. Para reforçar os argumentos contrários do governo, Morceli apontou aumento de 4,04 pontos no percentual de cana que será convertida em açúcar - de 52,22% para 56,26%, segundo a Conab. A produção de açúcar deve aumentar 11,4%, para 29,76 milhões de toneladas. E o Brasil deve elevar as vendas externas de 18,7 milhões para 20 milhões de toneladas. A exportação de açúcar também deve ser aquecida pela possibilidade de o Brasil ocupar boa parte do mercado de 1,6 milhão de toneladas deixado pela União Européia em função da condenação de seus subsídios pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

As projeções da Conab apontam para uma produção total de cana de 423,4 milhões de toneladas, alta de 7,4% sobre as 394,4 milhões de toneladas de 2005/06, finalizado em abril. Somados os outros usos, a safra sobe a 471,2 milhões de toneladas (+9,2%). A análise revela que a produção total de cana cresceu mais no Nordeste (11,9%) do que no centro-sul (8,8%).

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