Iraque

Novo ataque interrompe as exportações de petróleo e ex-diplomatas criticam Bush

Jornal do Commercio
17/06/2004 03:00
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Depois de inutilizar os campos petrolífero do Norte, os insurgentes agora concentram seus ataques aos campos do Sul do país. Sabotadores fizeram explodir dois oleodutos na segunda e terça-feira, parando praticamente toda a exportação de petróleo por no mínimo dois dias. O porto de Basra é o principal ponto de venda de petróleo, que representa cerca de 90% da receita do país.
Em Kirkuk (Norte), foi morto o chefe da segurança de uma companhia petrolífera. Primo do chefe político curdo Jalal Talabani e chefe de segurança da Northern Oil, Ghazi Talabani, era o ponto de contato entre sua empresa, as forças americanas e a empresa privada de segurança Erinys, que tentavam proteger os campos petrolíferos do Norte. O principal oleoduto que liga Kirkuk a outros países está inoperante desde a invasão comandada pelos americanos no ano passado, devido às constantes sabotagens.
Já o clérigo xiita radical Moqtada al Sadr mandou ontem que os integrantes de sua milícia, o Exército Mehdi, abandonassem a resistência e voltassem para casa. Se a ordem for cumprida, representará o fim de um levante de dez semanas que representou a maior ameaça às forças americanas desde a queda do regime de Saddam Hussein, no ano passado.
Apesar de Al Sadr já ter feito promessas semelhantes, há indícios de que agora o fim das hostilidades seja concreto. A ordem veio um dia após o presidente americano, George W. Bush, ter dito que os EUA não se oporiam a uma atividade política por parte de Al Sadr.
Os seguidores de Al Sadr, a maioria moradores de favelas de Bagdá e das cidades pobres do Sul, iniciaram um levante em 4 de abril, tomando delegacias e prédios públicos.
Além de ter anunciado apoio ao Governo interino que assume o país no fim do mês, anteontem o clérigo mandou carta aos líderes xiitas dizendo que a polícia iraquiana será bem-vinda a Kufa, onde tem sua base. O presidente iraquiano interino, Ghazi al Yawar, disse que o "movimento inteligente" de Al Sadr poderá habilitá-lo a participar da cena política.
Ao menos 12 pessoas morreram ontem em dois atentados. Três soldados americanos morreram em ataque feito com foguetes à base militar próxima de Balad (Norte). Em Ramadi (Oeste), cinco iraquianos e quatro estrangeiros foram mortos em um ataque com bombas de ferido contra um comboio das forças da coalizão.
Os insurgentes têm aumentado os ataques nas últimas semanas como forma de enfraquecer a autoridade do Governo interino. Um funcionário do Pentágono disse que o terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi e seu grupo, ligado à Al Qaeda, estão em Fallujah (Oeste) e planejam realizar mais atentados.

Ex-diplomatas criticam política externa de Bush

Ex-diplomatas e autoridades americanas criticaram a política externa do presidente George W. Bush em uma carta aberta divulgada ontem. "Nunca em toda sua história os Estados Unidos estiveram tão isolados, nem provocaram tanto temor e desconfiança", lamenta o texto assinado por 27 altos funcionários, que se apresentam como "democratas ou republicanos, muitos dos quais votaram em George W. Bush".
"Não estamos vinculados a John Kerry (candidato democrata à eleição presidencial de novembro)", destacou Bill Harrop, um dos signatários, durante uma entrevista coletiva. "Evidentemente, pensamos que seria bom que fosse eleito, mas não falamos em seu nome", acrescentou o ex-embaixador dos EUA em Israel.
"O Governo se afastou de mim, e não o contrário", disse o general Merrill McPeak, ex-chefe do Estado-Maior da Força Aérea, que se apresenta como um republicano de longa data.
"Nossa diplomacia foi tão torpe quanto era possível", lamentou. McPeak também disse que o planejamento militar no Iraque foi insuficiente.
"A estratégia para uma saída do Iraque será difícil, principalmente depois dos insultos contra nossos aliados, da indiferença em relação a nossos sócios na região", destacou Chas Freeman, ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita e ex-secretário adjunto de Defesa.
"As coisas foram longe demais. Ainda podemos reparar os danos?", questionou, visivelmente emocionado, o diplomata Bob Oakley.

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