Personalidade

Morre Francisco Gros, ex-presidente do Banco Central e da Petrobras

Valor Econômico
21/05/2010 12:46
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O economista Francisco Roberto André Gros, que esteve por muitos anos no epicentro da economia brasileira, seja na iniciativa privada ou no setor público, morreu na tarde de ontem, aos 67 anos, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, vítima de câncer no cérebro.

 

Gros nasceu em 1943, no Rio, no feriado de Tiradentes. Durante sua carreira, presidiu três das instituições mais relevantes na estrutura econômica do país: Banco Central, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobras. No setor privado, dirigiu grandes empresas, como a Aracruz Celulose (hoje Fibria) e a Fosfértil.

 

Gros comandou a Petrobras entre os meses de janeiro e dezembro de 2002, último ano do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no momento em que a estatal vivia um período de transição, que a levaria a se tornar uma gigante multinacional brasileira.

 

Semanas antes de assumir o cargo, Gros defendeu a transformação da Petrobras em uma "multinacional brasileira competitiva", processo que havia sido ensaiado pelo seu antecessor, Henri-Philippe Reichstul, e que foi efetivamente aprofundado na sua gestão. A ação mais emblemática desse processo foi a compra da argentina Perez Companc, em julho de 2002.

 

Gros também defendeu que a Petrobras não mantivesse uma posição de mera acionista minoritária, sem nenhum poder decisório nas empresas petroquímicas do país, situação na qual foi deixada após as privatizações da década de 1990. Para ele, a Petrobras deveria "participar da gestão" das empresas nas quais tivesse participação acionária e não investir em projetos para os quais fosse chamada "apenas para fechar uma equação e conveniência".

 

Ainda na Petrobras, Gros foi um dos personagens centrais de uma polêmica que tinha do outro lado o então candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva. A empresa estudava encomendar no exterior as plataformas de produção P-51 e P-52, que iriam operar em águas ultraprofundas (1.800 e 2 mil metros de lâmina d'água). Lula transformou a questão numa bandeira de campanha e, ao assumir em 2003, determinou que as licitações deveriam exigir índice de nacionalização de, no mínimo, 60%.

 

No Banco Central, Gros enfrentou dois momentos de extrema tensão, por 79 dias (de fevereiro a abril) em 1987, quando o Plano Cruzado (1986) do então ministro da Fazenda Dilson Funaro já fazia água, e em 1991/1992, na tentativa, comandada pelo então ministro da Economia Marcilio Marques Moreira, de manter alguma coerência no caos macroeconômico gerado pelo Plano Collor (março de 1990).

 

O economista Eleazar de Carvalho Filho, que foi seu vice-presidente e sucessor na presidência do BNDES, destacou a atuação de Gros no comando do banco durante o "apagão" vivido pelo país em 2001, no esforço para financiar a rápida recuperação da capacidade de suprimento pleno de energia elétrica.

 

Amigo de muitos anos, Carvalho disse que Gros era " uma pessoa extraordinária, de grande integridade, um servidor público exemplar". Nunca parou de trabalhar, mesmo quando suas forças já estavam minadas pelo câncer no cérebro, que finalmente o venceu na tarde de ontem.
 

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