Pesquisa e Desenvolvimento

Mineradoras reduzem gastos em P&D no curto prazo

Movimento está associado à redução na demanda por commodities minerais.

Valor Econômico
07/01/2014 17:49
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O setor de mineração está reduzindo investimentos em pesquisa & desenvolvimento (P&D) no atual cenário de preços baixos das commodities minerais. Cortar gastos em atividades como prospecção de novas reservas, estudos de viabilidade e desenvolvimento de novas tecnologias, atividades típicas de P&D na mineração, mostrou-se um caminho rápido para corte geral de custos que as empresas estão perseguindo na nova realidade da indústria.
Nesse contexto, as mineradoras selecionaram os melhores projetos, diminuindo o tamanho dos portfólios, o que também ajudou a reduzir os investimentos em P&D. Mas, para além do curto prazo, é importante que as mineradoras não descuidem o investimento em P&D como ferramenta essencial para a sobrevivência futura, dizem especialistas. Ser mais eficiente a médio e longo prazos guarda relação direta com o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias, algo que está na essência do P&D. "Só sobreviverá quem for mais eficiente", diz Luiz Rezende, sócio da área tributária da Deloitte e especialista em mineração.
Rezende afirma que existe uma tendência de redução nos gastos com P&D na indústria de mineração. Esse movimento está associado à redução na demanda por commodities minerais, o que teve efeitos sobre os preços e, por consequência, levou as empresas a reduzir gastos, diz ele. Essa redução de custos de curto prazo buscou atenuar perdas. Mas em um horizonte de prazo maior uma redução de custos "estrutural" passa por mudanças em métodos de tecnologia, afirma Rezende.
Há vários casos de novas tecnologias que resultaram do investimento no passado e que agora estão ajudando as mineradoras a obter ganhos de eficiência, afirma Paulo Vitor Carvalho, consultor sênior da CRU Strategies. Ele cita o exemplo dos caminhões fora de estrada sem motorista usados pela Rio Tinto, na Austrália. E o beneficiamento a seco do minério de ferro que a Vale está usando em Carajás, no Pará. "Acreditamos que as grandes mineradoras estão agindo de fato de forma racional e prudente ao reverter sua trajetória de expansão acelerada e se focar nos projetos mais rentáveis. E sua nova estratégia de investimentos em P&D é apropriada nesse contexto", diz Carvalho.
A CRU vê uma mudança de foco e de posicionamento estratégico das mineradoras. As empresas passaram a se distanciar da simples busca por crescimento e aumento da participação de mercado durante o "boom" da demanda chinesa e passaram a almejar maior eficiência na alocação de capital e maior retorno para os acionistas, afirma o consultor. Ele diz que as empresas investem em P&D com o objetivo de garantir a sustentabilidade no longo prazo. "Porém, por sua própria natureza, o benefício de curto prazo de investimentos em P&D tende a ser baixo. Nossa visão é que, justamente por isso, as mineradoras escolhem diminuir investimentos em P&D como principal canal para obter de forma rápida e menos dolorosa, pelo menos a curto prazo, a redução de custos que estão buscando".
As despesas de P&D da Vale, por exemplo, ficaram muito abaixo do orçamento no período janeiro-setembro do ano passado, com uma execução de apenas 58% do orçado, segundo dados do balanço do terceiro trimestre. No plano de investimentos para 2014, a Vale previu investir US$ 903 milhões em P&D, 14% abaixo do pouco mais de US$ 1 bilhão estimado para 2013. Em nota, a Vale afirmou que entre 2010 e 2012 investiu US$ 4,3 bilhões em P&D, o que a fez figurar como a única empresa brasileira entre as 100 maiores globais que mais investiram em pesquisa e desenvolvimento no mundo, segundo relatório divulgado recentemente pela Comissão Europeia. "Em 2013, com a estratégia da Vale de focar seus investimentos em ativos de classe mundial, baixo custo e potencial de expansão, como o S11D [de minério de ferro, em Carajás, no Pará], e a suspensão da execução de projetos intensivos em capital, houve uma diminuição natural das despesas de P&D".
E completou: "Com um portfólio menor, a Vale reduziu, consequentemente, suas atividades de pesquisa e exploração em áreas non core. Ainda assim, a Vale investiu US$ 637 milhões em P&D nos nove primeiros meses do ano." Em 2013, em evento no Rio, o diretor de tecnologia e inovação da Vale, Luiz Mello, reconheceu que podem haver riscos futuros associados a uma redução, a curto prazo, nos investimentos em P&D na mineração. "Essa é uma leitura possível", disse Mello ao 'Valor'.
Ele afirmou, no entanto, que a Vale criou em 2009 uma iniciativa para olhar o longo prazo por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV). "Os investimentos nesse instituto continuam. Continuamos contratando pessoas e executando projetos. Continuamos trabalhando no longo prazo, mas digamos que a gente ia executar 100 projetos. Agora, ao invés de 100, executamos 80. Mudamos, mas ganhamos mais foco".

O setor de mineração está reduzindo investimentos em pesquisa & desenvolvimento (P&D) no atual cenário de preços baixos das commodities minerais. Cortar gastos em atividades como prospecção de novas reservas, estudos de viabilidade e desenvolvimento de novas tecnologias, atividades típicas de P&D na mineração, mostrou-se um caminho rápido para corte geral de custos que as empresas estão perseguindo na nova realidade da indústria.

Nesse contexto, as mineradoras selecionaram os melhores projetos, diminuindo o tamanho dos portfólios, o que também ajudou a reduzir os investimentos em P&D. Mas, para além do curto prazo, é importante que as mineradoras não descuidem o investimento em P&D como ferramenta essencial para a sobrevivência futura, dizem especialistas. Ser mais eficiente a médio e longo prazos guarda relação direta com o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias, algo que está na essência do P&D. "Só sobreviverá quem for mais eficiente", diz Luiz Rezende, sócio da área tributária da Deloitte e especialista em mineração.

Rezende afirma que existe uma tendência de redução nos gastos com P&D na indústria de mineração. Esse movimento está associado à redução na demanda por commodities minerais, o que teve efeitos sobre os preços e, por consequência, levou as empresas a reduzir gastos, diz ele. Essa redução de custos de curto prazo buscou atenuar perdas. Mas em um horizonte de prazo maior uma redução de custos "estrutural" passa por mudanças em métodos de tecnologia, afirma Rezende.

Há vários casos de novas tecnologias que resultaram do investimento no passado e que agora estão ajudando as mineradoras a obter ganhos de eficiência, afirma Paulo Vitor Carvalho, consultor sênior da CRU Strategies. Ele cita o exemplo dos caminhões fora de estrada sem motorista usados pela Rio Tinto, na Austrália. E o beneficiamento a seco do minério de ferro que a Vale está usando em Carajás, no Pará. "Acreditamos que as grandes mineradoras estão agindo de fato de forma racional e prudente ao reverter sua trajetória de expansão acelerada e se focar nos projetos mais rentáveis. E sua nova estratégia de investimentos em P&D é apropriada nesse contexto", diz Carvalho.

A CRU vê uma mudança de foco e de posicionamento estratégico das mineradoras. As empresas passaram a se distanciar da simples busca por crescimento e aumento da participação de mercado durante o "boom" da demanda chinesa e passaram a almejar maior eficiência na alocação de capital e maior retorno para os acionistas, afirma o consultor. Ele diz que as empresas investem em P&D com o objetivo de garantir a sustentabilidade no longo prazo. "Porém, por sua própria natureza, o benefício de curto prazo de investimentos em P&D tende a ser baixo. Nossa visão é que, justamente por isso, as mineradoras escolhem diminuir investimentos em P&D como principal canal para obter de forma rápida e menos dolorosa, pelo menos a curto prazo, a redução de custos que estão buscando".

As despesas de P&D da Vale, por exemplo, ficaram muito abaixo do orçamento no período janeiro-setembro do ano passado, com uma execução de apenas 58% do orçado, segundo dados do balanço do terceiro trimestre. No plano de investimentos para 2014, a Vale previu investir US$ 903 milhões em P&D, 14% abaixo do pouco mais de US$ 1 bilhão estimado para 2013. Em nota, a Vale afirmou que entre 2010 e 2012 investiu US$ 4,3 bilhões em P&D, o que a fez figurar como a única empresa brasileira entre as 100 maiores globais que mais investiram em pesquisa e desenvolvimento no mundo, segundo relatório divulgado recentemente pela Comissão Europeia. "Em 2013, com a estratégia da Vale de focar seus investimentos em ativos de classe mundial, baixo custo e potencial de expansão, como o S11D [de minério de ferro, em Carajás, no Pará], e a suspensão da execução de projetos intensivos em capital, houve uma diminuição natural das despesas de P&D".

E completou: "Com um portfólio menor, a Vale reduziu, consequentemente, suas atividades de pesquisa e exploração em áreas non core. Ainda assim, a Vale investiu US$ 637 milhões em P&D nos nove primeiros meses do ano." Em 2013, em evento no Rio, o diretor de tecnologia e inovação da Vale, Luiz Mello, reconheceu que podem haver riscos futuros associados a uma redução, a curto prazo, nos investimentos em P&D na mineração. "Essa é uma leitura possível", disse Mello ao 'Valor'.

Ele afirmou, no entanto, que a Vale criou em 2009 uma iniciativa para olhar o longo prazo por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV). "Os investimentos nesse instituto continuam. Continuamos contratando pessoas e executando projetos. Continuamos trabalhando no longo prazo, mas digamos que a gente ia executar 100 projetos. Agora, ao invés de 100, executamos 80. Mudamos, mas ganhamos mais foco".

 

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