Agência EFE
O Brasil quer integrar uma rede sul-americana de petróleo e gás e estuda um projeto venezuelano de construção de um gasoduto regional, mas prefere "ser dono do seu próprio nariz", sem depender de ninguém, afirmou hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Sonho que a Comunidade Sul-Americana de Nações evolua tanto até que possamos estabelecer entre nós uma integração energética, mas não é fácil, estamos trabalhando", disse Lula durante discurso.
O presidente participou do início das operações comerciais de um novo campo produtor de gás natural da Petrobras na Bahia.
Lula falou sobre o projeto do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de construir "um gasoduto de US$ 15 bilhões ou mais" que levará gás venezuelano até a Argentina, passando pelo Brasil.
"É um desejo nosso, dos presidentes. Precisamos que os técnicos trabalhem mais e mais para ver se é possível fazer um acordo de envergadura internacional", para que possa ser construído, assinalou.
O "Gasoduto do Sul" foi criticado por ser uma obra faraônica de duvidosa viabilidade ambiental, econômica e energética. Seu custo ultrapassaria os US$ 23 bilhões, com uma extensão de oito mil quilômetros.
Em janeiro, Chávez e Lula definiram no Rio de Janeiro que os técnicos completarão os estudos de engenharia da primeira parte do projeto - que vai do porto de Güiria, no leste da Venezuela, até Recife - este ano.
Este parte teria cinco mil quilômetros e transportaria 50 milhões de metros cúbicos por dia.
"Mas em matéria de energia não precisamos depender de ninguém.
Temos condições para isso", disse Lula, ao afirmar que o Brasil vive hoje "um dia extraordinário", com o início das operações comerciais do campo de "Manatí".
Segundo o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, este novo campo resolverá o problema de falta de gás na Bahia.
Com um investimento total de US$ 580 milhões, o campo Manatí produz dois milhões de metros cúbicos por dia, e chegará a seis milhões este ano.
Lula prometeu que o Brasil não repetirá os erros de planejamento energético do passado, que levaram ao racionamento de eletricidade e combustível.
"Por isso, decidimos fazer os investimentos e as associações que tenham que ser feitas para não desmotivar qualquer pessoa que queira investir no Brasil", disse.
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeu, disse que serão investidos R$ 40 bilhões até 2010 para antecipar a produção de reservas já localizadas e para aumentar a oferta de gás no mercado.
Os fundos fazem parte de um programa oficial que inclui investimentos totais de R$ 179 bilhões em petróleo e gás até 2010.
"A tendência é que a provisão desta energia junto com a importação da Bolívia (de 26 milhões de metros cúbicos diários) forneça, sem nenhum tipo de susto, o gás necessário para diversificar a matriz energética do Brasil", disse Rondeau.
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