Diário do Nordeste
A perspectiva de exportação de toda a produção inicial da Ceará Steel para a Coréia repercutiu mal no setor produtivo cearense. A idéia não agrada o meio empresarial.
O último dia 15 de dezembro marcou o lançamento da pedra fundamental da Usina Siderúrgica Ceará Steel. Foi o primeiro passo para a concretização do empreendimento, que já vem sendo discutido há praticamente uma década. Pode ser também o ponto de partida para o desenvolvimento de um pólo metalmecânico. Mas não deve ser tão rápido quanto o esperado.
Embora ainda não passasse de uma suspeita, a suposição de que a produção da usina iria ser exportada integralmente para a Coréia, repercutiu mal no setor produtivo cearense. O próprio secretário de Desenvolvimento Econômico, Régis Dias, confirmou a notícia. Em um primeiro momento, será exportada para a DonKuk, esclareceu. Apesar de a empresa coreana ser uma das empresas parceiras do empreendimento, a idéia não agrada o meio empresarial.
É ruim porque nós vamos produzir para criar outras indústrias na Coréia e não no Ceará, avalia o diretor Corporativo e de Relações com o Mercado da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Francisco de Alcântara Macedo. Estima-se que a USC que representa investimentos de US$ 1 bilhão gere cerca de 800 empregos. Mas acredita-se que esses números poderiam ser bem mais substanciosos se houvesse a fabricação do produto acabado, que possibilitasse a criação de um pólo metal-mecânico.
Régis Dias afirma, entretanto, que é necessário paciência, pois este é apenas o primeiro estágio. Inicialmente, segundo o secretário, serão produzidas apenas placas de metal. Depois, se passaria para as chapas até, finalmente, chegar aos produtos acabados, como automóveis, por exemplo.
Pode-se levar até dez anos entre um estágio e outro, segundo ele, dependendo da macroeconomia, dos mercados concorrentes.
A outra possibilidade de indústria estruturante, o Ceará viu escapar por entre os dedos: a refinaria de petróleo, perdida para o estado vizinho de Pernambuco. Mesmo assim, o sonho não foi de todo abandonado e há quem acredite que o Estado pode, sim, vir a sediar uma refinaria no futuro.
Diante do cenário de déficit de 450 mil barris de petróleo por dia, Alcântara Macêdo acredita que, em menos de dez anos, haverá a necessidade de uma segunda refinaria.
As refinarias têm um arco de implantação, tem oferta significativa e depois se tornam deficitárias. A de Pernambuco supre menos da metade desse déficit, argumenta. Além disso, é mais barato refinar dentro do Brasil do que recorrer ao Golfo do México ou mesmo Venezuela. Como o Ceará foi o estado que concorreu mais diretamente com Pernambuco, seriam grandes as chances de receber essa possível segunda obra. Mas não sem perdas: por conta da proximidade 800 km de distância o pólo petroquímico cearense seria bem menor.
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