Aço

Gerdau revisa investimentos e faz ajustes na produção

Valor Econômico
06/11/2008 04:31
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O grupo Gerdau comunicou ontem, de forma bem comedida, que fará em suas usinas de aço para operar dentro de um cenário de demanda retraída por conta dos efeitos da crise financeira mundial. Sem dar pistas do tamanho do ajuste, a companhia informou, durante divulgação do balanço do terceiro trimestre, que no momento sua equipe também faz uma revisão geral de seu programa de investimentos, no Brasil e outros países, previstos para os próximos anos.

 

O presidente da empresa, André Gerdau Jonannpeter, evitou o tempo todo falar de cortes de produção e negou concessão de férias coletivas em uma de suas unidades em Minas Gerais. "O momento exige cautela e monitoramento permanente, pois há muita incerteza sobre o futuro", afirmou. Até o terceiro trimestre, conforme os dados divulgados, os resultados foram positivos, com crescimentos expressivos no faturamento bruto, resultado operacional e lucro líquido. As expectativas ficam para o balanço do quarto trimestre.

 

O principal executivo do grupo, que faturou R$ 36,2 bilhões de janeiro a setembro - um aumento de 44% sobre um ano atrás, devido ao bom momento da demanda até setembro e à consolidação de aquisições, como Chaparral Steel e Macteel, ambas nos EUA -, indicou que a demanda por aço já enfrenta retração, mas não evitou dar números.

 

Um dos segmentos mais afetados em que o grupo atua é o de aços especiais, com 70% das vendas concentrados na indústria automotiva (autopeças e montadoras). Segundo André, ainda há volumes importantes de pedidos em carteira, que serão atendidos nos próximos meses. O grupo tem operação no Brasil (Piratini e Aços Villares), nos Estados Unidos (Macsteel) e na Espanha (Sidenor), com capacidade instalada de 3,7 milhões de toneladas por ano. As vendas no terceiro trimestre somaram 772 mil toneladas. Em nove meses, 2,1 milhões de toneladas.

 

Como alternativa à queda na demanda nesse segmento, devido à redução na fabricação de veículos, o executivo afirmou que a empresa vai intensificar a venda para outras indústrias que utilizam esse tipo de aço, como a naval, a de geração de energia e a de equipamentos. "Como a indústria automotiva representa 70% de nossos negócios com aços especiais, o que estamos fazendo é procurar outros mercados, que também consomem esses produtos e não têm queda tão expressiva em sua atividade", disse.

 

Indagado se a empresa faria cortes de produção principalmente nessa área, por conta da forte retração do mercado de veículos, o executivo disse que a empresa estuda todas variáveis de ajustes. "É importante frisar que quem produz aço a partir de sucata, como nós, tem mais flexibilidade para operar com ajuste fino em relação à demanda, paralisando fornos, dando férias, em vez de imediatamente adotar medidas drásticas para reduzir a produção", afirmou o vice-presidente de finanças da companhia, Osvaldo Schirmer. Segundo André Gerdau, os efeitos os impactos da crise na demanda por aço já são sentidos em alguns setores, de diferentes formas.

 

Schirmer e André, em diversos momentos da conferência, reafirmaram que a "estrutura de gestão e a solidez financeira do grupo dão condições para atravessar o atual período de incerteza da economia mundial". O diretor informou que a Gerdau tem um endividamento líquido confortável (R$ 13,4 bilhões) e dispõe de R$ 5,6 bilhões em caixa mais aplicações, outros R$ 2,6 bilhões de linhas de crédito asseguradas, além de instrumentos ligados a exportação que renderiam mais US$ 2,2 bilhões.

 

No trimestre, o grupo obteve receita líquida de R$ 12,4 bilhões (alta de 62%); resultado operacional de R$ 3,84 bilhões (maior 153% que um ano atrás) e lucro líquido de R$ 1,42 bilhão (alta de 37%). Nos nove meses, a Gerdau produziu 16,4 milhões de toneladas de aço bruto. As vendas somaram 15,6 milhões.

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