Valor Econômico
Ao atingir a marca de 1,9 milhão de barris produzidos por dia no Brasil, do ponto de vista financeiro a Petrobras está "comemorando um aniversário de referência", diz Almir Barbassa, diretor da estatal responsável pela área financeira. Segundo ele, com a soma da produção nacional e no exterior, a companhia já está produzindo quase 2,3 milhões de barris.
"Este nível de produção garante um fluxo de caixa mais que suficiente para financiar todo o investimento da Petrobras, o que é inédito na companhia, que no passado sempre correu atrás de financiamentos", destaca Barbassa, que administra investimentos de R$ 38 bilhões somente para este ano.
O atual plano de investimento da companhia, que está sendo atualizado, prevê investimentos de US$ 56,4 bilhões até 2010, dos quais US$ 49,3 bilhões aplicados no Brasil. "Para a Petrobras, a auto-suficiência tem de ser analisada da ótica do aumento da produção, ou seja, como a empresa pode maximizar o desenvolvimento de suas reservas", afirma Emerson Leite, analista do Credit Suisse Latin American Equity Research. A idéia é a Petrobras acelerar o crescimento da produção sem ameaçar sua capacidade de financiamento.
O diretor-financeiro da Petrobras concorda com essa visão, e acrescenta a importância da auto-suficiência quando o petróleo bate em US$ 72 e já existem temores de que o preço chegue a US$ 100, no caso de um desfecho desfavorável para a crise iniciada com a escalada nuclear do Irã, terceiro maior produtor de petróleo do mundo e segundo maior entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Leite acha que o mais importante para o acionista da Petrobras é que a empresa consiga aumentar a produção, adicionando valor aos derivados com melhorias nas refinarias no país e pela compra de unidades de refino no exterior. Também é essencial, segundo Leite, que a empresa assegure sua capacidade de investimento, mantendo uma sintonia dos preços praticados no mercado interno com o mercado internacional.
Gustavo Gattass, analista do banco UBS, também avalia que a prioridade, para a Petrobras, é desenvolver as reservas provadas, com o objetivo de capturar os altos preços hoje vigentes no mercado. Ele projeta, para 2006, um volume interno de produção 11% maior do que a média do ano passado.
A plataforma P-50 da Petrobras, que será acionada amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, foi escolhida como símbolo da auto-suficiência por ser a maior plataforma em produção no país, com capacidade para 180 mil barris por dia. Atrás dela, ainda este ano, virão a P-34 (60 mil barris/dia no campo Jubarte), a plataforma SSP-300 (20 mil barris/dia de óleo leve em Sergipe), e a Golfinho (100 mil barris/dia no campo de mesmo nome).
Juntas, elas elevarão em 360 mil barris/dia a produção local de petróleo em 2006. Desse total, é preciso descontar o declínio dos campos já maduros, que a cada ano produzem entre 7% e 10% menos. Por isso a Petrobras só conta com uma alta efetiva da produção de 200 mil barris/dia em 2006, dos quais 120 mil de óleo leve.
Para garantir os níveis de produção que permitirão tornar o país um exportador líquido de petróleo nos próximos cinco anos, 36 projetos de produção de petróleo entrarão em operação no Brasil. Todos da Petrobras, sem contar o de empresas privadas.
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