Jornal do Commercio
A safra nacional de grãos deverá totalizar 145,1 milhões de toneladas em 2008, informou ontem o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A estimativa prevê volume recorde para a safra, que pela projeção, será 9% maior do que as 133,1 milhões de toneladas verificadas em 2007. Esse volume é apenas 4.410 toneladas maior que a previsão de julho. Essa variação é considerada pelo IBGE apenas como uma virtual estabilidade.
O aumento do consumo de etanol impulsionou a safra do milho e da cana-de-açúcar, que vão chegar a volumes recorde em 2008. A produção de milho vai contribuir, sozinha, com 40,4% da safra total de grãos. A colheita dessa cultura deverá alcançar 58,57 milhões de toneladas, com aumento de 13% ante a safra anterior.
O gerente de agricultura do IBGE, Mauro Andreazzi, lembra que a expansão da produção de etanol nos Estados Unidos está elevando os preços no mercado internacional e estimulando os produtores brasileiros. Do total da atual safra brasileira de milho, cerca de 14,5 milhões serão destinadas à exportação.
Até dois anos atrás, a safra do produto no País estava ajustada ao consumo interno, mas o aumento da destinação do milho para o etanol nos EUA abriu espaço para o produto no mercado internacional.
Um dos principais destaques da safra atual é a perda de participação da soja para o milho no total produzido no País. A soja permanece como principal produto da safra nacional, com 41,3% do total, mas perdeu fatia em relação à safra anterior, quando tinha 43,5%.
Por outro lado, o milho elevou sua participação de 39% para 40,4%. De qualquer modo, os dois produtos apresentam produção recorde e aumento da safra em 2008 ante o ano anterior.
No que diz respeito à soja, a produção total será de 59,99 milhões de toneladas, com acréscimo de 3,5% ante o ano anterior.
Também impulsionada pelo etanol, a safra de cana-de-açúcar - contabilizada a parte da safra de grãos - deverá alcançar 591,4 milhões de toneladas, com aumento de 14,7% ante a safra passada.
O volume é recorde na série do LSPA, iniciada em 1990. Andreazzi disse que 60% da safra de cana já está colhida. Ele atribui o aumento na produção dessa cultura ao incremento na venda de carros flex, que representam hoje 85% dos veículos novos comercializados no país.
A área colhida da cana este ano deverá chegar a 7,6 milhões de hectares, com aumento de 13,8% ante a safra anterior. Segundo ele, a expansão da cana é "reflexo dos novos projetos que estão sendo implantados no país para atender a demanda de álcool".
O gerente ressalta também que a maior parte da produção está voltada para o mercado doméstico já que, apesar do crescimento das exportações nos últimos anos, o mercado externo ainda é bastante restrito, em decorrência das barreiras protecionistas impostas por alguns países.
De acordo como IBGE, o Estado de São Paulo é responsável por 57% da produção brasileira de cana e colherá este ano 337,1 milhões de toneladas, com crescimento de 14,1% na produção em relação a 2007. No entanto, a região Centro-Oeste é a que mais cresce, com aumentos nos Estados de Mato Grosso do Sul (39,5% ante 2007), Goiás (29,9%) e Mato Grosso (9,2%). Andreazzi adiantou que a primeira estimativa de safra agrícola do instituto para 2009 será apresentada no levantamento (LSPA) de outubro, que será divulgado no início de novembro.
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