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Estaleiro Atlântico Sul tenta recuperar contratos

Plano de ação para evitar rescisão foi entregue à Transpetro.

Jornal do Commercio
02/10/2012 15:20
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Nos últimos minutos do segundo tempo, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) entregou à Transpetro seu plano de ação para evitar a rescisão dos contratos de construção de 16 navios, suspensos em maio deste ano. No último domingo se encerrou o segundo prazo concedido pela estatal para a empresa apresentar a proposta. A primeira data era 30 de agosto, mas foi prorrogada por mais um mês. Por enquanto, o conteúdo do documento é mantido em sigilo. Por meio de sua assessoria de comunicação, a Transpetro se limitou a informar que a proposta será analisada e o EAS será comunicado, “o quanto antes”, se o plano foi aceito.
O Atlântico Sul venceu licitação para construir 22 navios do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro. O primeiro petroleiro, o João Cândido, demorou quase quatro anos para ser construído e foi entregue em maio passado, com dois anos de atraso e aumento de custo de 56%. Para piorar a situação, a empresa coreana Samsung, parceira tecnológica e sócia do estaleiro, deixou o empreendimento em março último. Pelo contrato assinado com a Transpetro, sem parceiro técnico, o documento perderia sua eficácia. Por esse motivo, a estatal suspendeu a encomenda de 16 navios, ficando de fora apenas seis embarcações que ainda contavam com assistência tecnológica da Samsung. O valor total do contrato de 22 navios é de R$ 7 bilhões e o valor dos 16 suspensos está calculado em R$ 5,3 bilhões.
Logo após a festa de entrega do primeiro navio no Complexo de Suape, em maio, a Transpetro anunciou a suspensão dos contratos. Para reaver as encomendas, o Atlântico Sul teria que cumprir três exigências: apresentar um parceiro técnico com comprovada experiência na indústria naval, um plano de ação e cronograma confiável de construção dos petroleiros e um projeto de engenharia para as embarcações que atenda às especificações técnicas contratuais.
A primeira determinação, o EAS conseguiu atender em junho, quando fechou parceria técnica com a IHI Marine United, divisão de construção naval e offshore da Ishikawajima-Harima Heavy Industries (IHI). No mercado, a informação é que os japoneses também poderiam se tornar sócios, a exemplo da Samsung. Os sócios do Atlântico Sul (Queiroz Galvão e Camargo Corrêa) esperam por um parceiro que possa assumir pelo menos 30% do negócio e que faça um aporte de capital de US$ 400 milhões.
Produtividade
Para além do parceiro técnico, o maior desafio do EAS é encontrar o caminho da produtividade. Símbolo da retomada da indústria naval no país, o empreendimento enfrentou os gargalos de formar mão de obra numa região sem tradição no setor, além de construir o estaleiro e o primeiro navio ao mesmo tempo. Nessa conta também entram problemas de gestão, dança da cadeira de quatro presidentes num período de cinco anos de atuação e dívida política com os governos Lula/Dilma, responsáveis por ressuscitar o setor no Brasil.
O EAS investiu R$ 16 milhões na construção de um centro de treinamento (R$ 3,5 milhões) e na qualificação profissional de 3,5 mil operários. Apesar do esforço, os erros foram inevitáveis. O João Cândido foi montado com 24 mil metros de solda. Desse total, 18 mil metros (75%) precisaram ser corrigidos. O petroleiro teve que voltar ao dique seco para reparos, o número de trabalhadores foi inflado de 5 mil para 11 mil e foi necessário recorrer a decasséguis para melhorar a produtividade.
“O problema foi que os gestores do estaleiro acharam que conseguiriam transformar cortadores de cana, comerciantes e donas de casa em operários da indústria naval. Esses profissionais precisavam, sim, integrar o corpo de mão de obra, mas era necessário ter massa crítica de operários mais experientes”, observa Floriano Pires Júnior, especialista em indústria naval da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Procurada pelo JC, a diretoria do EAS informou que não vai se pronunciar sobre a suspensão dos contratos. Apesar de não abrir o conteúdo da proposta do Atlântico Sul, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, tem dito que espera que os navios sejam construídos num prazo de 14 meses e venham melhorando essa performance até atingir o desempenho asiático de um petroleiro a cada nove meses (benchmarking do setor).

Nos últimos minutos do segundo tempo, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) entregou à Transpetro seu plano de ação para evitar a rescisão dos contratos de construção de 16 navios, suspensos em maio deste ano. No último domingo se encerrou o segundo prazo concedido pela estatal para a empresa apresentar a proposta. A primeira data era 30 de agosto, mas foi prorrogada por mais um mês. Por enquanto, o conteúdo do documento é mantido em sigilo. Por meio de sua assessoria de comunicação, a Transpetro se limitou a informar que a proposta será analisada e o EAS será comunicado, “o quanto antes”, se o plano foi aceito.


O Atlântico Sul venceu licitação para construir 22 navios do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da Transpetro. O primeiro petroleiro, o João Cândido, demorou quase quatro anos para ser construído e foi entregue em maio passado, com dois anos de atraso e aumento de custo de 56%. Para piorar a situação, a empresa coreana Samsung, parceira tecnológica e sócia do estaleiro, deixou o empreendimento em março último. Pelo contrato assinado com a Transpetro, sem parceiro técnico, o documento perderia sua eficácia. Por esse motivo, a estatal suspendeu a encomenda de 16 navios, ficando de fora apenas seis embarcações que ainda contavam com assistência tecnológica da Samsung. O valor total do contrato de 22 navios é de R$ 7 bilhões e o valor dos 16 suspensos está calculado em R$ 5,3 bilhões.


Logo após a festa de entrega do primeiro navio no Complexo de Suape, em maio, a Transpetro anunciou a suspensão dos contratos. Para reaver as encomendas, o Atlântico Sul teria que cumprir três exigências: apresentar um parceiro técnico com comprovada experiência na indústria naval, um plano de ação e cronograma confiável de construção dos petroleiros e um projeto de engenharia para as embarcações que atenda às especificações técnicas contratuais.


A primeira determinação, o EAS conseguiu atender em junho, quando fechou parceria técnica com a IHI Marine United, divisão de construção naval e offshore da Ishikawajima-Harima Heavy Industries (IHI). No mercado, a informação é que os japoneses também poderiam se tornar sócios, a exemplo da Samsung. Os sócios do Atlântico Sul (Queiroz Galvão e Camargo Corrêa) esperam por um parceiro que possa assumir pelo menos 30% do negócio e que faça um aporte de capital de US$ 400 milhões.



Produtividade


Para além do parceiro técnico, o maior desafio do EAS é encontrar o caminho da produtividade. Símbolo da retomada da indústria naval no país, o empreendimento enfrentou os gargalos de formar mão de obra numa região sem tradição no setor, além de construir o estaleiro e o primeiro navio ao mesmo tempo. Nessa conta também entram problemas de gestão, dança da cadeira de quatro presidentes num período de cinco anos de atuação e dívida política com os governos Lula/Dilma, responsáveis por ressuscitar o setor no Brasil.


O EAS investiu R$ 16 milhões na construção de um centro de treinamento (R$ 3,5 milhões) e na qualificação profissional de 3,5 mil operários. Apesar do esforço, os erros foram inevitáveis. O João Cândido foi montado com 24 mil metros de solda. Desse total, 18 mil metros (75%) precisaram ser corrigidos. O petroleiro teve que voltar ao dique seco para reparos, o número de trabalhadores foi inflado de 5 mil para 11 mil e foi necessário recorrer a decasséguis para melhorar a produtividade.


“O problema foi que os gestores do estaleiro acharam que conseguiriam transformar cortadores de cana, comerciantes e donas de casa em operários da indústria naval. Esses profissionais precisavam, sim, integrar o corpo de mão de obra, mas era necessário ter massa crítica de operários mais experientes”, observa Floriano Pires Júnior, especialista em indústria naval da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Procurada pelo "JC", a diretoria do EAS informou que não vai se pronunciar sobre a suspensão dos contratos. Apesar de não abrir o conteúdo da proposta do Atlântico Sul, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, tem dito que espera que os navios sejam construídos num prazo de 14 meses e venham melhorando essa performance até atingir o desempenho asiático de um petroleiro a cada nove meses (benchmarking do setor).

 

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