Combustíveis Limpos

Entraves limitam avanço de usinas no mercado de carbono

Valor Online
23/07/2010 12:52
Visualizações: 74
Metade das usinas brasileiras de açúcar e álcool que fornece energia hoje à rede nacional está ganhando dinheiro - ou pleiteando isso - com a venda de créditos de carbono. Atualmente 26 usinas do país comercializam esses papéis no mercado internacional, o que representa um ganho aproximado de R$ 60 milhões até agora. Outras 27 aguardam a aprovação do Conselho Executivo da ONU, o órgão que regula esse mercado.
 

A venda de créditos de carbono no setor sucroalcooleiro é possível graças à cogeração a partir do bagaço da cana. Através desse processo, a usina gera energia para consumo próprio e vende o excedente, contribuindo para tornar a matriz energética ainda menos poluente. É esse excedente que permite às usinas receber e vender créditos.
 

Os papéis fazem parte do chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da ONU, pelo qual projetos limpos em países em desenvolvimento geram créditos para os países ricos, obrigados a reduzir suas emissões de gases-estufa sob o Protocolo de Kyoto. No mundo, há atualmente 80 projetos de cogeração de cana aptos a vender esses créditos. Por definição, cada tonelada de gás-estufa que deixa de ser jogado na atmosfera equivale a um crédito de carbono.
 

Ao gerarem energia renovável, as 26 usinas brasileiras registradas na ONU deixarão de emitir 5 milhões de toneladas de carbono até 2012 - 2,4 milhões de toneladas já tiveram autorização da ONU para serem comercializadas. A projeção da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul no país, é que esse volume suba para 8,8 milhões de toneladas de carbono até 2020. Já os que aguardam aprovação devem gerar 3,8 milhões de toneladas até 2012, com projeção de 13,3 milhões de toneladas até 2020.
 

"Se considerarmos o preço de €12 por tonelada, estamos falando de cerca de R$ 60 milhões até o momento para todos os 26 projetos", diz Flávio Pinheiro, diretor da consultoria Econergy Brasil, lembrando que o volume não deve contemplar parte dos créditos de 2009. "Se considerarmos que os projetos estejam operando há quatro anos, estaríamos falando de uma receita média de cerca de R$ 500 mil por projeto por ano". Em média, a receita gerada pela venda de energia das usinas é elevada entre 3% e 5% com a comercialização de créditos de carbono.
 

A receita obtida com a venda internacional de carbono ajuda a encurtar a taxa de retorno de investimentos em cogeração. A ETH Bioenergia, empresa resultante da fusão da ETH (Grupo Odebrecht) com a Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável), contratou uma consultoria para estruturar a operação desses créditos das nove usinas que farão parte dos ativos da companhia até 2012. "Um projeto de cogeração, normalmente se paga em cinco anos e meio, com a venda da energia. Com o crédito de carbono, a taxa cai para quatro anos e sete meses", diz Luiz Pereira de Araújo Filho, diretor de Sustentabilidade da ETH.
 

Apesar de o setor sucroalcooleiro ser um dos pioneiros em crédito de carbono, há ainda uma larga fatia para ser inserida neste sistema. Só no Centro-Sul, são 337 usinas que geram energia com menor eficiência e para uso próprio. O gargalo, nesse caso, é que os preços pagos pela energia nos leilões do governo ainda não remuneram o investimento para substituição de caldeiras velhas por equipamentos de ponta, explica Zilmar José de Souza, assessor de bioeletricidade da Unica. "Muitas usinas não investem porque não têm recursos".
 

Mas há outros entraves para o mercado de carbono. Um deles é a revisão periódica da metodologia aplicada nos projetos. Pinheiro, da Econergy, afirma que desde 2006 foram feitas dez atualizações de metodologia, o que implica perda de tempo e dinheiro. Ontem, nova audiência pública foi aberta para discussão de outra modificação.
 

A demora para a aprovação - no Brasil e na ONU - também levou à desistência de 19 projetos de carbono com cogeração. Não é raro esses projetos levarem dois anos para receber o sinal verde para a comercialização de créditos. Além da burocracia - ou cautela, como alega a autoridade brasileira responsável pela aprovação interna desses projetos -, pesa a saturação dos órgãos de verificação e validação. "Há casos que aguardam validação desde 2008", diz Pinheiro.
Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC Brasil 2025
SLB Brasil marca presença na OTC 2025 com foco em inovaç...
23/10/25
Recursos Humanos
ANP publica novas informações sobre seu Programa de Form...
23/10/25
Leilão
Petrobras vence leilão e arrenda terminal RDJ07 no Porto...
23/10/25
Oferta Permanente
Equinor arremata dois novos blocos na Bacia de Campos du...
23/10/25
Oferta Permanente
Firjan comemora resultado do Leilão de Partilha da ANP, ...
23/10/25
OTC Brasil 2025
Evento reúne lideranças globais da indústria offshore e ...
22/10/25
Oferta Permanente
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da ANP tem cin...
22/10/25
Posicionamento IBP
3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha de Produção
22/10/25
Margem Equatorial
Foresea estende contratos das sondas ODN II e Norbe IX c...
22/10/25
OTC Brasil 2025
Masterclass OTC Brasil 2025: Inovação, Liderança e Tecno...
22/10/25
Etanol
ORPLANA propõe criação de índice de ATR negociado em bol...
22/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 começa em uma semana com programação int...
21/10/25
Combustíveis
Postos Petrobras mantêm liderança em confiança com progr...
21/10/25
Petrobras
Perfuração é liberada na Margem Equatorial
21/10/25
Etanol
Setor naval busca no etanol brasileiro uma alternativa a...
21/10/25
Projeto
Parceria entre Neoenergia e Estaleiro Atlântico Sul most...
21/10/25
OTC Brasil 2025
PPSA realiza evento sobre Leilão de Áreas Não Contratada...
21/10/25
ANP
Transmissão do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha...
21/10/25
Combustíveis
Petrobras reduz preços da Gasolina A em 4,9% para distri...
21/10/25
Pré-Sal
União recebe R$ 1,54 bilhão por acordo celebrado entre P...
21/10/25
Margem Equatorial
Concessão de licença para perfuração na Margem Equatoria...
20/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23