O corte de 23% no orçamento previsto para 2012 para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que foi reduzido de R$ 6,716 bilhões para R$ 5,230 bilhões, provocou protestos por parte de representantes da classe científica e industrial brasileira. Alegando que a medida pode trazer consequências dramáticas para o desenvolvimento do Brasil, entidades promoveram um manifesto para que o valor inicial da verba seja restabelecida, e que não seja permitido o contingenciamento de recursos do FNDCT-Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
De acordo com as entidades participantes do protesto, os "repetidos cortes e contingenciamentos de recursos destinados à pesquisa científica e à inovação são incompatíveis com os recentes compromissos do governo para manter o status conquistado pelo Brasil, hoje dono da sexta maior economia do mundo e reconhecido como uma nação de liderança global. A pesquisa científica e tecnológica é base para inovação e para a formação de recursos humanos qualificados, com impactos significativos no crescimento e na geração de riquezas".
Assinaram o documento os presidentes das seguintes entidades: Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), João Carlos Basílio; Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade; Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Antônio Skaf; Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira; Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Luiz Campagnolo; Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), José de Freitas Mascarenhas; Federação das Industrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Olavo Machado Júnior; Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Bonciani Nader; Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis Junior; Associação Nacional de Empresas Inovadoras (Anpei), Carlos Eduardo Calmanovici.
Entre 2006 e 2011, mais de um quarto dos recursos foram retidos, o que representa R$ 3,2 bilhões não disponíveis para as atividades de pesquisa e desenvolvimento.
O manifesto ressalta: "O Brasil necessita de uma alta taxa de inovação para melhorar seus índices sociais e intensificar seu desenvolvimento científico e tecnológico. O investimento nacional em pesquisa e desenvolvimento, em 2010, correspondeu a apenas 1,20%do PIB, sendo 0,63% provenientes do setor público."
O presidente da ABC, Jacob Palis, afirmou, em comunicado enviado à imprensa, que a entidade tem se manifestado frequentemente sobre a necessidade de se aumentar os investimentos em C&T e educação no país.
"Apelamos, assim, à presidente Dilma Rousseff por ampla revisão dos recentes cortes de orçamento nessas áreas, especialmente quando iniciam suas gestões dois novos ministros, um deles oriundo da área de C&T, o ministro Marco Antônio Raupp, e quando o objetivo governamental anunciado é o de atingirmos percentual bem mais elevado em relação ao PIB de investimentos em ciência, tecnologia, inovação, pesquisa e desenvolvimento", declarou.
"Incentivamos o governo a pensar nos cortes do orçamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação; pois, investimentos em tecnologia e pesquisa aplicada são essenciais para a competitividade da nossa indústria em um mundo globalizado", declarou à TN Petróleo o presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia do Sistema Firjan, Fernando Sandroni.
O texto foi alterado para acréscimo de informações às 17h24, do dia 22 de março.