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Energia solar não deslancha e bilionário chinês pede ajuda

Suntech tem dívida líquida de US$ 1,6 bilhão.

Valor Econômico
23/10/2012 16:13
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Os tempos estão difíceis para Shi Zhengrong. O fundador da Suntech, maior fabricante mundial de painéis solares, já foi um dos homens mais ricos da China. Agora seu império está em frangalhos. A Suntech cortou 40% de sua produção de painéis solares, viu uma queda 60% na cotação de suas ações, neste ano, e recebeu uma advertência de exclusão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Com dívida líquida de US$ 1,6 bilhão - a alavancagem da companhia é superior a 200% -, a Suntech recebeu, recentemente, apoio na forma de empréstimos da cidade de Wuxi e uma série de títulos estão para vencer em março.
Os infortúnios da Suntech ilustram uma mudança mais ampla em curso no setor de energia solar chinês - o maior produtor de painéis solares no mundo. Após anos de uma expansão vertiginosa que inundou o mundo com painéis cada vez mais baratos, os fabricantes chineses, extremamente alavancados, estão agora diante da necessidade de cortar produção e pessoal e, em alguns casos, ameaçados de falência.
Embora os empreendimentos envolvendo energia solar tenham produzido alguns dos empresários mais ricos da China, muitos desses magnatas, inclusive Shi, foram removidos da lista de Chineses Ricos da Forbes, quando a classificação foi atualizada neste mês.
"Essa é uma luta pela sobrevivência", diz Timothy Lam, analista de energia solar no Citi em Hong Kong. Ele estima que a fabricação de painéis solares por chineses e taiwaneses está entre 50% e 80% de sua capacidade, enquanto as empresas tentam minimizar prejuízos e os preços continuam a cair.
As previsões de outros analistas são ainda mais sombrias. Li Junfeng, uma alta autoridade chinesa responsável pela política energética do país, diz que a indústria de painéis solares é como "um paciente numa UTI". Ele estima que metade da capacidade produtiva mundial dedicada à geração desse tipo de energia terá de ser desativada, antes que o setor possa sair da atual "crise" de excesso de capacidade, produzida pelo crédito fácil nos últimos cinco anos. "No momento, não há uma única empresa capaz de sobreviver se os bancos pararem de emprestar", ressalta.
À medida que os fabricantes mundiais de painéis solares atravessam um doloroso período de consolidação - que já causou diversas falências, entre elas a da Q-Cells e da Solon, na Alemanha, e da Solyndra e da Evergreen Solar, nos EUA - analistas dizem que as perspectivas para a fabricação dentro e fora da China dependerão, em larga medida, das decisões de Pequim. A política chinesa deverá influenciar o mercado solar mundial de duas maneiras: impulsionando a demanda interna e com políticas de apoio a fabricantes domésticos de painéis visando evitar sua falência.
A maioria dos analistas prevê que a China será o segundo maior mercado de painéis solares no mundo, neste ano, atrás apenas da Alemanha. Neste ano, a China elevou a meta de instalações para 21 gigawatts (GW) de energia solar em 2015, ou 25 vezes a capacidade instalada total de geração no país em 2010.
Mas apesar de uma atraente tarifa remuneradora da alimentação de projetos solares à rede elétrica, em vigor desde o ano passado, grande parte da demanda esperada não se concretizou em 2012, pois limitações da rede retardaram a expansão de novos projetos envolvendo energia solar.
Talvez o aspecto mais importante, e certamente o mais polêmico, diz respeito às maneiras pelas quais a China pode dar apoio a fabricantes nacionais e ajudá-los a sobreviver ao clima difícil. No início deste ano, uma lista de "seis grandes e seis pequenas" empresas envolvidas com energia solar que deveriam receber tratamento financeiro preferencial por parte do Banco de Desenvolvimento da China foi amplamente circulada entre analistas e executivos do setor. Mas o banco não respondeu a indagações sobre sua real existência.
Várias empresas já receberam apoio mais direto de governos locais em suas cidades natais. Em julho, a LDK Solar recorreu à cidade de Xinyu para que a ajudasse a honrar cerca de US$ 80 milhões em dívidas. Dois meses depois, a Suntech recebeu apoio de Wuxi, onde tem sua sede, depois que o governo local formou um comitê para ajudar a fabricante de painéis. Ontem, a LDK anunciou estar recebendo ajuda adicional de um veículo de investimentos apoiado pela cidade de Xinyu, que comprou participação de 20% na empresa.
"Na China, os governos locais não são efetivamente governos, eles funcionam mais como empresas", diz Li, o formulador de políticas energéticas. "No início, o governo de Wuxi foi o maior investidor na Suntech, por isso está muito nervoso. O governo de Xinyu é o maior investidor na LDK e também está muito nervoso. Mas as ações dos governos locais não representam as ações do governo central".
Ao contrário de outros setores industriais chineses, como o siderúrgico e o petroquímico, que são dominados por empresas estatais, os fabricantes de painéis solares são, na maioria, de controle privado. Mas, muitas vezes, governos municipais mantêm participação minoritária nas companhias.
Apesar do apoio temporário de governos municipais, as perspectivas de empresas como LDK e Suntech continuam incertas. Sem a recuperação dos preços que, segundo analistas, é pouco provável, os prejuízos se acumularão até o expurgo dos fabricantes mais fracos. Para um setor que era, no passado, a estrela da investida chinesa em energia renovável, trata-se de um destino sombrio.

Os tempos estão difíceis para Shi Zhengrong. O fundador da Suntech, maior fabricante mundial de painéis solares, já foi um dos homens mais ricos da China. Agora seu império está em frangalhos. A Suntech cortou 40% de sua produção de painéis solares, viu uma queda 60% na cotação de suas ações, neste ano, e recebeu uma advertência de exclusão da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Com dívida líquida de US$ 1,6 bilhão - a alavancagem da companhia é superior a 200% -, a Suntech recebeu, recentemente, apoio na forma de empréstimos da cidade de Wuxi e uma série de títulos estão para vencer em março.


Os infortúnios da Suntech ilustram uma mudança mais ampla em curso no setor de energia solar chinês - o maior produtor de painéis solares no mundo. Após anos de uma expansão vertiginosa que inundou o mundo com painéis cada vez mais baratos, os fabricantes chineses, extremamente alavancados, estão agora diante da necessidade de cortar produção e pessoal e, em alguns casos, ameaçados de falência.


Embora os empreendimentos envolvendo energia solar tenham produzido alguns dos empresários mais ricos da China, muitos desses magnatas, inclusive Shi, foram removidos da lista de Chineses Ricos da Forbes, quando a classificação foi atualizada neste mês.


"Essa é uma luta pela sobrevivência", diz Timothy Lam, analista de energia solar no Citi em Hong Kong. Ele estima que a fabricação de painéis solares por chineses e taiwaneses está entre 50% e 80% de sua capacidade, enquanto as empresas tentam minimizar prejuízos e os preços continuam a cair.


As previsões de outros analistas são ainda mais sombrias. Li Junfeng, uma alta autoridade chinesa responsável pela política energética do país, diz que a indústria de painéis solares é como "um paciente numa UTI". Ele estima que metade da capacidade produtiva mundial dedicada à geração desse tipo de energia terá de ser desativada, antes que o setor possa sair da atual "crise" de excesso de capacidade, produzida pelo crédito fácil nos últimos cinco anos. "No momento, não há uma única empresa capaz de sobreviver se os bancos pararem de emprestar", ressalta.


À medida que os fabricantes mundiais de painéis solares atravessam um doloroso período de consolidação - que já causou diversas falências, entre elas a da Q-Cells e da Solon, na Alemanha, e da Solyndra e da Evergreen Solar, nos EUA - analistas dizem que as perspectivas para a fabricação dentro e fora da China dependerão, em larga medida, das decisões de Pequim. A política chinesa deverá influenciar o mercado solar mundial de duas maneiras: impulsionando a demanda interna e com políticas de apoio a fabricantes domésticos de painéis visando evitar sua falência.


A maioria dos analistas prevê que a China será o segundo maior mercado de painéis solares no mundo, neste ano, atrás apenas da Alemanha. Neste ano, a China elevou a meta de instalações para 21 gigawatts (GW) de energia solar em 2015, ou 25 vezes a capacidade instalada total de geração no país em 2010.


Mas apesar de uma atraente tarifa remuneradora da alimentação de projetos solares à rede elétrica, em vigor desde o ano passado, grande parte da demanda esperada não se concretizou em 2012, pois limitações da rede retardaram a expansão de novos projetos envolvendo energia solar.


Talvez o aspecto mais importante, e certamente o mais polêmico, diz respeito às maneiras pelas quais a China pode dar apoio a fabricantes nacionais e ajudá-los a sobreviver ao clima difícil. No início deste ano, uma lista de "seis grandes e seis pequenas" empresas envolvidas com energia solar que deveriam receber tratamento financeiro preferencial por parte do Banco de Desenvolvimento da China foi amplamente circulada entre analistas e executivos do setor. Mas o banco não respondeu a indagações sobre sua real existência.


Várias empresas já receberam apoio mais direto de governos locais em suas cidades natais. Em julho, a LDK Solar recorreu à cidade de Xinyu para que a ajudasse a honrar cerca de US$ 80 milhões em dívidas. Dois meses depois, a Suntech recebeu apoio de Wuxi, onde tem sua sede, depois que o governo local formou um comitê para ajudar a fabricante de painéis. Ontem, a LDK anunciou estar recebendo ajuda adicional de um veículo de investimentos apoiado pela cidade de Xinyu, que comprou participação de 20% na empresa.


"Na China, os governos locais não são efetivamente governos, eles funcionam mais como empresas", diz Li, o formulador de políticas energéticas. "No início, o governo de Wuxi foi o maior investidor na Suntech, por isso está muito nervoso. O governo de Xinyu é o maior investidor na LDK e também está muito nervoso. Mas as ações dos governos locais não representam as ações do governo central".


Ao contrário de outros setores industriais chineses, como o siderúrgico e o petroquímico, que são dominados por empresas estatais, os fabricantes de painéis solares são, na maioria, de controle privado. Mas, muitas vezes, governos municipais mantêm participação minoritária nas companhias.


Apesar do apoio temporário de governos municipais, as perspectivas de empresas como LDK e Suntech continuam incertas. Sem a recuperação dos preços que, segundo analistas, é pouco provável, os prejuízos se acumularão até o expurgo dos fabricantes mais fracos. Para um setor que era, no passado, a estrela da investida chinesa em energia renovável, trata-se de um destino sombrio.

 

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