Unidade vai custar US$ 4,5 milhões e venderá produto para a Alemanha. Um consórcio de empresas liderado pela Petroquímica Capital, de São Paulo, e sob orientação de Miguel Dabdoub, doutor em química e professor da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, está investindo US$ 4,5
Gazeta MercantilUnidade vai custar US$ 4,5 milhões e venderá produto para a Alemanha. Um consórcio de empresas liderado pela Petroquímica Capital, de São Paulo, e sob orientação de Miguel Dabdoub, doutor em química e professor da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, está investindo US$ 4,5 milhões na construção de uma fábrica de biodiesel em Charqueada, na região de Piracicaba, no interior paulista.
Segundo Dabdoub, a fábrica será inaugurada em junho próximo e vai operar a plena capacidade no início de 2005, quando deverá produzir 300 mil litros de biodiesel por dia. O biodiesel, segundo Dabdoub, deverá ser exportado para a Alemanha a um preço de US$ 0,57 por litro, o que resultará num faturamento anual acima de US$ 62 milhões. A fábrica, no entanto, terá receita adicional oriunda do refinamento da glicerina, subproduto da fabricação de biodiesel. A glicerina será vendida a indústrias de tintas, cosméticos e explosivos a um preço que pode chegar a US$ 1,2 mil por tonelada, informou Dabdoub.
Custo de produção baixo - A fábrica em Charqueada será completa e terá baixo custo de produção, segundo o professor. "Vamos utilizar resíduos do refino de óleo vegetal, ou borras, geralmente usados para fazer sabão ou descartado pela indústria esmagadora", disse. "Também esperamos refinar a glicerina de outros produtores de biodiesel", acrescentou.
Além da Petroquímica Capital, fazem parte do consórcio as seguintes empresas: JW, BOC Edwards, Turbinave Centrífugas, Formingplast e International Engines. "São empresas que têm condições de fornecer equipamentos e montar fábricas de biodiesel para eventuais interessados", disse Dabdoub.
No início do ano passado, o professor Dabdoub anunciou uma nova técnica de produção de biodiesel, a partir de álcool etílico - o da cana-de-açúcar - e radiação eletromagnética. A técnica - que utiliza 20% a 30% de etanol e incorpora no biodiesel 11% do álcool - permite uma produtividade 30 vezes maior que a obtida pelas plantas americanas e européias de biodiesel, que usam o tóxico metanol, ou álcool metílico, no processo. Com a técnica brasileira, que também é mais barata do que as estrangeiras, o biodiesel pode ser feito com óleo vegetal esmagado bruto, não refinado.
Segundo Dabdoub, presidente da Câmara Setorial de Biocombustíveis do Estado de São Paulo, se o Brasil usasse uma mistura de 5% de biodiesel e 95% de petrodiesel economizaria US$ 400 milhões por ano em importação de diesel. Para Juan Diego Ferrés, presidente da comissão de biodiesel da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), se o País misturasse 5% de biodiesel no diesel obteria receita extra de US$ 1,3 bilhão anual só com a exportação do farelo que sobraria do esmagamento de grãos.
Sem subsídios - "O álcool levou 20 anos para competir com a gasolina sem a necessidade de subsídios. Estamos trabalhando para que o biodiesel tenha preços inferiores ao diesel convencional num período bem menor", afirmou Antônio Duarte Nogueira Júnior, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo. Segundo Nogueira, o professor Dabdoub, como presidente da câmara setorial de biocombustíveis, vai liderar uma grande equipe de pesquisadores e de representantes de várias entidades de classe, como a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Única) e a Abiove, entre outras.
Na última semana, durante a 11 Agrishow, em Ribeirão Preto, a rede supermercadista Carrefour assinou convênio com o professor Dabdoub para doar mensalmente para pesquisas e testes o óleo de frituras usado nas lojas paulistas da rede francesa. Em troca, as lojas usarão biodiesel para gerar energia elétrica nos horários de pico de consumo.
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