Usinas

Desembolso do BNDES a usinas segue firme, mas projetos rareiam

Valor Econômico
18/05/2010 13:52
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 Apesar de sinais recentes de retração, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê manter em 2010 um patamar robusto de desembolsos de crédito ao segmento sucroalcooleiro. A despeito disso, o número de cartas consultas protocoladas no banco é baixo, o que significa que há poucos projetos de novas de usinas em execução e que o montante desembolsado poderá recuar no ano que vem.

 

As indústrias de base que fornecem equipamentos para as usinas reforçam a avaliação de desaquecimento e afirmam que as empresas estão mais preocupadas, hoje, em reduzir a própria alavancagem, postergando "no limite" seus investimentos. De outro lado, grupos que fizeram fusões ou aquisições nos últimos meses estão, no momento, concentradas nas integrações operacionais ou "digerindo" suas novas controladas.

Entre janeiro e a primeira semana de maio deste ano, o banco oficial de fomento liberou R$ 2,3 bilhões para as usinas, 11% menos do que entre janeiro e abril de 2009 (R$ 2,6 bilhões). Otimista, o chefe do Departamento de Biocombustíveis da instituição, Carlos Eduardo de Siqueira Cavalcanti, avalia que o número está em linha com a expectativa da instituição de atingir R$ 6 bilhões até o fim do ano. Esse montante é 6% inferior ao ano passado, quando os recursos alcançaram R$ 6,4 bilhões e já haviam ficado abaixo de 2008.

Os desembolsos - a maior parte para usinas de etanol -, porém, referem-se a operações aprovadas há um ano ou 18 meses. Mas a demanda por financiamento de novas unidades é fraca. O BNDES vem recebendo um número de novas cartas consultas abaixo da expectativa, conforme Cavalcanti.

Apesar de não ter um balanço parcial de cartas protocoladas desde janeiro, o banco tinha em 11 de maio cartas que somavam R$ 4,5 bilhões, mesmo valor registrado no fim de 2009. Cavalcanti afirma que esse indicador é dinâmico e que estar no mesmo valor de cinco meses atrás é uma coincidência. "Alguns projetos avançam no trâmite e outros novos entram".

Investimentos novos, espera, deverão surgir no segundo semestre, após a divulgação do balanço das empresas da área, que devem refletir positivamente a maior rentabilidade da última temporada e estimular as instituições financeiras a ofertarem mais crédito.

O maior receio está do outro lado do balcão - ou seja, na demanda. As indústrias de base do segmento sucroalcooleiro sentiram alguma retomada neste ano, mas ainda muito aquém do esperado. A percepção, segundo Sérgio Barreira, diretor executivo da Divisão de Biocombustíveis da Dedini Indústria de Base, de Piracicaba (SP), é de que está havendo deslocamento da receita para quitação de dívidas. "Os investimentos estão sendo postergados no limite".

O resultado é que uma planta industrial que normalmente seria entregue entre 10 e 12 meses, está sendo concluída entre seis e oito meses, dado o ritmo baixo de pedidos. "Temos tido vendas, sem dúvida, mas não na proporção que se imaginava. A demanda está 40% abaixo do previsto", diz Barreira.

Muitos poucos projetos novos também estão entrando na Sermatec, que concorre com a Dedini no mercado de equipamentos para usinas. Antonio Carlos Christiano, presidente da empresa, diz que a "retomada" ainda está na fase de "recuperação". No ano passado, a empresa teve um montante de R$ 350 milhões em encomendas suspensas, metade da carteira da Sermatec na época. "No final de 2009 conseguimos trazer R$ 120 milhões da carteira suspensa. Outros R$ 30 milhões retornaram neste ano e trabalhamos para recuperar mais R$ 70 milhões", diz Christiano.

Apesar do cenário adverso, Cavalcanti, do BNDES, não descarta igualar os desembolsos deste ano aos do ano passado. "A consolidação trouxe mais capital ao setor. Esses grandes grupos vão puxar a retomada". As liberações ao longo do ano devem manter o mesmo perfil alcooleiro do quadrimestre. Dos R$ 2,3 bilhões, R$ 1,1 bilhão foram para produção de álcool, R$ 850 milhões para açúcar, R$ 320 milhões para cultivo de cana e R$ 70 milhões para cogeração.
 

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