A demanda de etanol no país crescerá 150% nos próximos dez anos, passando de 25,5 bilhões de litros em 2008 para 63,9 bilhões de litros em 2017. O aumento do consumo será sustentado pelo setor automotivo, onde o etanol representará cerca de 80% do volume total consumido.
Empresa de PesquisaA demanda de etanol no país crescerá 150% nos próximos dez anos, passando de 25,5 bilhões de litros em 2008 para 63,9 bilhões de litros em 2017. O aumento do consumo será sustentado fundamentalmente pela utilização no setor automotivo, onde o etanol representará, em 2017, cerca de 80% do volume total de combustíveis líquidos consumidos por veículos leves que não usam diesel.
As projeções estão contidas na parte de etanol do Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2008-2017, divulgada pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE nesta quarta-feira, 24 de setembro. A demanda nacional de etanol carburante foi obtida utilizando-se o modelo desenvolvido pela EPE, que considerou a taxa média anual de crescimento da frota de veículos leves de 4,8% com uma participação de 88,2% do motor flex-fuel nas vendas de automóveis de passeio.
De acordo com as projeções, a frota de veículos leves passará de 23,2 milhões de veículos em 2008 para 37,5 milhões em 2017. No mesmo período, a parcela do flex aumentará de 29,6% para 73,6% neste período. O álcool continuará sendo o combustível preferencial do usuário da categoria de veículos flex-fuel, representando 75,5% do mercado (percentual observado em 2007) – considerando que o teor de álcool anidro na gasolina C continue de acordo com a legislação vigente. Com isso, a demanda de álcool carburante evoluirá a taxa anual de 11,3% no período 2008-2017, saltando de 20,3 bilhões de litros para 53,2 bilhões de litros em dez anos.
Exportações dobram
Espera-se que o volume negociado com outros mercados duplique nos próximos dez anos, passando de 4,2 bilhões para 8,3 bilhões de litros em 2017. Os EUA, atualmente o principal comprador, perderão espaço para o Japão, cuja demanda pelo etanol brasileiro representará 36,2% (três bilhões de litros) das exportações.
O Brasil se manterá como líder nas transações internacionais, vinculado a um crescimento da sua infra-estrutura. No entanto, o crescimento da produção mundial de etanol continuará baseado no atendimento aos mercados próprios de cada país.
Expansão de usinas
Para atendimento da demanda total projetada pela EPE, será necessário expandir a capacidade industrial brasileira em 246 usinas nos próximos dez anos, sendo que deste total, 46% (114 usinas) estão em construção ou já foram implantadas. Existem ainda 23 projetos em estudo que podem se viabilizar até 2010. Para o período 2011-2017, serão necessárias mais 109 usinas, conforme figura a seguir.
O Brasil possui vantagens naturais para produção do etanol, tais como grande disponibilidade de terra arável (cerca de 100 milhões de hectares distribuídos distantes dos biomas naturais, como a Amazônia) e condições do solo e do clima propícias à cultura da cana-de-açúcar. A disponibilidade de terras para agricultura aliada à eficiência de produção do setor sucro-alcooleiro, decorrente de sua avançada tecnologia, evita impactos no mercado de alimentos, no meio ambiente e tem capacidade de gerar um grande número de empregos no meio rural.
Ressalta-se a contribuição do uso do etanol na mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEEs). O uso do etanol brasileiro, oriundo da cana-de-açúcar, é o que resulta em maior redução de emissões de GEEs.
O etanol no Brasil apresenta custos muito competitivos em relação à gasolina. Este resultado foi obtido através dos avanços tecnológicos incorporados pelo setor sucroalcooleiro, tanto na área agrícola quanto na área industrial, aliados à melhoria no gerenciamento de toda a cadeia produtiva e na integração energética, através de cogeração. Estes fatores foram preponderantes para manter a competitividade em mercados mundiais.
Outro segmento de mercado que pode se destacar, no contexto de matériasprimas ambientalmente sustentáveis, é a alcoolquímica, que substitui derivados de petróleo pelo etanol na produção de polímeros e outros produtos químicos.
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