América do Sul

Debate boliviano segue para o Parlamento

Jornal do Brasil
20/07/2004 03:00
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A vitória do "sim" no referendo sobre a comercialização do gás na Bolívia representou o início de um novo estágio nas discussões envolvendo o presidente Carlos Mesa e a oposição. Com 24% dos votos apurados, o governo obtém um apoio superior a 75%.
Apesar da primeira impressão de que o resultado do referendo seria uma vitória política para Mesa, a disputa deverá ficar esquentar ainda mais nos próximos dias. O debate segue agora para o Congresso, que votará a Lei dos Hidrocarbonetos.
O ponto mais delicado será a nacionalização. Enquanto o governo se opõe ao confisco e à expropriação dos recursos nas mãos das transnacionais, outros grupos defendem o cancelamento do contrato.
Especialistas acreditam que as opiniões diversas em torno do questionário podem chegar a ser não detonantes das discussões parlamentares mas de ações de protesto lideradas pelo povo.
"O Parlamento terá sérias dificuldades para aprovar uma lei que reflita o ponto de vista, o sentimento da população", disse o especialista Henry Oporto.
Para o analista Jorge Lazarte, o resultado do referendo "vai abrir novos cenários de incertezas adiante": "O problema não acabou, simplesmente foi o fim de uma parte e está começando outra provavelmente também muito complicada. Quanto mais tarde o Congresso aprovar a Lei dos Hidrocarbonetos, mas complicado será".
O líder camponês Evo Morales - um dos defensores da consulta - disse, sob sua interpretação, que a recuperação total dos hidrocarbonetos venceu no plebiscito e que "isso tem que ser respeitado".
- A segunda pergunta é nacionalização por direito, revisar os contratos e, revisando, demonstrar que as transnacionais não cumpriram seus deveres e, por tanto, eles são anulados e recuperamos a propriedade do gás.
O sucesso do referendo foi comemorado por autoridades de todos os países vizinhos à Bolívia, que teve na consulta uma oportunidade para provar que vem avançando na estabilização política. No ano passado, o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada se afastou do poder depois de um levante popular que acabou com a morte de mais de 90 pessoas, durante confrontos entre a polícia e os manifestantes.
A missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) expressou seu otimismo com relação aos efeitos da votação no futuro imediato do país.
"Os bolivianos deram uma mensagem clara sobre o que para eles é a democracia direta e a necessidade de uma democracia pacífica", disse o chefe da delegação, o venezuelano Moisés Benamor.

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