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O consumo brasileiro de resina plástica poderia crescer aproximadamente 8% em 2004 devido à crescente demanda de embalagens em razão da recuperação econômica do país, disse à imprensa José Coelho, presidente da associação paulista de fabricantes de resina Siresp.
O esperado crescimento também indica uma recuperação do setor, cujas vendas nacionais caíram 3,5% em 2003. Em 2004, com o crescimento do PIB projetado para 3,7% impulsionado pela demanda nacional e maiores exportações, espera-se que o setor de embalagens cresça 3% aproximadamente, comentou Coelho.
"O mercado nacional é bom, a demanda estrangeira é boa e os preços internacionais são muito bons", afirmou Coelho. "Estávamos preocupados proque nos últimos quatro anos, o setor se havia estancado e agora voltamos a níveis históricos de crescimento anual de 8% a 9%".
No primeiro semestre de 2004, o consumo de resina plástica, excluindo o PET, cresceu 11% a 1,77 toneladas em relação ao mesmo período do ano passado, já que a demanda aumentou fortemente neste segundo trimestre.
O aumento foi liderado por uma alta de 33% no consumo de polietileno linear de baixa densidade devido a que se utiliza para substituir outra resina usada como película de embalagem para alimentos, uma tendência mundial.
O consumo de polietileno cresceu 29% como resultado de maiores vendas de artigos eletrônicos e de casa e um aumento de 13% nas vendas de polietileno de alta densidade, utilizado para fabricar garrafas de plastrico para líquidos de limpeza doméstica, detergentes e lubrificantes.
O consumo de polipropileno, que representa 28% do consumo de resina no Brasil, cresceu 10% devido à maior produção nas indústrias veicular e agrícola. A resina é muita usada em tapeçaria de veículos e bolsas para fertilizantes e grãos.
O consumo de PVC cresceu 1,1% já que a indústria da moradia ainda é instável pelas altas taxas de juros, explicou Coelho.
Como resultado da demanda nacional, as exportações de resina diminuíram 27% ante o primeiro semestre de 2003, cerca de 366 mil toneladas entre janeiro e junho deste ano. Entre fevereiro e abril, no entanto, as exportações haviam aumentado devido a que os produtores aproveitaram o aumento de preços internacionais da resina e a que a economia nacional parecia não estar se recuperando devido aos aparentes problemas políticos e econômicos.
As exportações cresceram 29% em março e 19% em abril em comparação com o ano passado, mas em maio e junho se reduziram 24% e 27%, respectivamente. "A recuperação econômica nos pegou de surpresa", destacou Coelho.
Nos primeiros seis meses de 2004, a produção cresceu 8,6% a 1,9 milhões de toneladas em relação ao mesmo período do ano anterior. Durante todo 2003, a produção alcançou 3,8 milhões de toneladas. No primeiro semestre, a produção também esteve limitada por paralisações por manutenção de várias plantas, informou.
"Isso levou a indústria a aproximadamente 79% de sua capacidade de produção de 5 milhões de toneladas ano", explicou Coelho.
"Estamos a ponto de alcançar a capacidade máxima de produção e próximos à capacidade de produção da indústria básica petroquímica", afirmou.
Com o consumo crescendo mais do que as existências esgotadas de produção, que caíram em aproximadamente 60 mil toneladas mensãis, há suficiente para suprir a demanda durante menos de 20 dias, precisou Coelho, destacando que os níveis de existência ideal são para 30 a 35 días.
Pese aos positivos indicadores do setor, este enfrenta uma possível estagnação no médio a longo prazo já que as margens diminuíram, devido a que o preço da nafta, a principal matéria prima da resina, aumentou e os preços de venda da resina estão limitados pelo menor poder aquisitivo dos brasileiros e o sólido poder de negociação dos grandes clientes, detalhou Coelho.
"Os preços nacionais da resina só aumentarão 15% para compensar a diferença com os preços internacionais", indicou.
Adicionalmente, dado que os produtores de etileno e propileno estão trabalhando quase a toda capacidade, não há estímulos para que os produtores de resina invistam em novas plantas. Outro fator que afeta os investimentos são as altas taxas de juros e custos de logística, afirmou.
"O mercado brasileiro é muito atrativo mas se esse é o único atrativo, a indústria internacional de petroquímicos produzirá onde os custos sejam mais baixos e exportará para p Brasil", destacou. "Ainda que tenhamos iniciado boas negociações para enfrentar estes problemas, necessitamos eliminar as barreiras para os investimentos para permitir que um novo ciclo investimento amadureça", concluiu.
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