Valor Econômico
Em meio à revisão do plano estratégico para redimensionar projetos diante do novo patamar de preços do petróleo e da depreciação do real frente ao dólar, pelo menos uma refinaria da Petrobras não corre risco de ser adiada. Trata-se do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), projeto orçado em US$ 8 bilhões. Quem garante é o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, desmentindo boatos de que as previsões de queda de demanda por petroquímicos nos próximos anos afetará o projeto.
"Começamos a terraplanagem este ano, estamos em 2008 e ele entra em 2014. Quando você enxerga todo esse horizonte não deve imaginar que em 2014 vamos viver a mesma situação que estamos vivendo hoje. É uma miopia total", afirma Costa.
O atual cronograma da Petrobras prevê o início de operação das unidades para produção de matérias-primas para a primeira geração de petroquímicos no final de 2012, atingindo a capacidade plena em 2013. A segunda geração, que consiste na produção de resinas, está prevista para 2014.
Costa admite que "a situação estaria complicada" se o Comperj estivesse entrando em produção nos próximos dois meses. "Aí a situação estaria complicada pois o mundo parou de comprar, o cara que faz brinquedo parou, e o que faz sacolas também", afirma.
Se o Comperj está garantido, o mesmo não pode ser dito sobre as refinarias "premium" planejadas para o Nordeste. No caso delas, o diretor da Petrobras diz que só em dezembro a companhia terá uma definição sobre o cronograma de investimentos. Costa não acredita que os preços do petróleo vão manter-se no atual patamar de US$ 60 porque isso inviabiliza produzir em novas fronteiras, implicando em menos investimentos para atender a demanda atual.
Costa também rebateu comentário do presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Chakib Khalil, para quem a queda dos preços afeta a exploração no pré-sal brasileiro. " O que ele conhece sobre isso? Nada", respondeu Costa.
A Petrobras planeja investir US$ 43,6 bilhões na construção de novas refinarias até meados da próxima década. Outros US$ 6,8 bilhões estão previstos até 2015 em obras de ampliação e reforma das onze refinarias existentes, que terão que ser adaptadas para produzir diesel com baixo teor de enxofre.
Tudo somado, o total de investimentos anteriormente programado chegava a US$ 50,4 bilhões até 2016. Mas analistas do mercado acham muito elevado considerando os problemas de escassez de crédito no mercado internacional, a queda dos preços do petróleo e perspectivas de menor demanda.
As duas refinarias "premium" no Maranhão e no Ceará, que juntas terão capacidade de processar 900 mil barris por dia quando concluídas (terão duas fases cada), vão produzir derivados menos poluentes voltados para o mercado nacional e para exportação.
Fale Conosco
13