Internacional

Com barril a US$ 50, petróleo volta a jorrar na costa dos EUA

The Wall Street Journal - 24/06/2016
24/06/2016 16:11
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A atividade frenética que toma conta da costa americana do Golfo do México ressalta uma resiliência surpreendente da indústria petrolífera dos Estados Unidos.

Apesar da pior queda de preços registrada em uma geração, muito petróleo tem jorrado dos campos localizados na costa da Louisiana e do Texas. Esse combustível está parcialmente anulando a queda na produção das regiões de xisto e elevando a produção total do país.

Atualmente, os EUA estão produzindo cerca de 8,7 milhões de barris por dia, 480 mil barris a menos que no fim do ano passado, segundo a Agência de Informação sobre Energia dos EUA. Isso ocorre num momento em que os preços baixos levam as empresas a cancelar projetos de exploração de novos poços, enquanto outros de petróleo de xisto começam a se esgotar. A previsão é de que a produção caia ainda mais, para 8,5 milhões de barris por dia no fim do ano.

Mas um volume bem acima de 500 mil barris por dia de petróleo novo vindo do Golfo deve entrar no mercado este ano e no próximo, segundo análise feita pelo The Wall Street Journal de dados do governo, apresentações de empresas e documentos entregues aos reguladores.

O aumento da produção na costa americana ameaça prolongar o excedente de petróleo estocado em todo o país, que ajudou a derrubar os preços, diz Roger Diwan, diretor de serviços financeiros da IHS Energy, uma consultoria do setor.

"Os projetos estão sendo desenvolvidos rapidamente e, às vezes, são maiores que o esperado", diz ele. "Esse aumento parece ter acelerado com os preços baixos."

A produção do Golfo está crescendo, em parte, porque uma série de campos de petróleo gigantescos aprovados para exploração anos atrás, quando os preços estavam elevados, por empresas como Freeport McMoRan Inc. e BP PLC, está começando a operar. Mas a produção também está aumentando porque empresas estão descobrindo que poços marginais menores podem ser explorados de forma mais barata ao serem conectados com plataformas de petróleo existentes na costa através de dutos submarinos, em um processo conhecido como "tieback". Embora a produção de muitos desses poços marginais sendo conectados às grandes plataformas esteja refletida nas previsões de bancos e analistas, a análise do WSJ descobriu que uma parte desses poços não é considerada nos cálculos de vários especialistas.

A produção de petróleo americana no mar deve registrar um recorde em 2017, com 1,91 milhão de barris sendo retirados do Golfo até o fim do ano, segundo o Departamento de Energia dos EUA. O volume é um salto de 24% ante 2015 e ultrapassaria o recorde anterior, de 1,56 milhão de barris diários, registrado em 2009, um ano antes de o desastre da plataforma Deepwater Horizon, da BP, ter suspendido temporariamente a perfuração na região, revelam dados federais.

Embora especialistas do setor afirmem que as explorações de petróleo em águas profundas sejam caras demais para os preços atuais, de cerca de US$ 50 por barril, as petrolíferas se apressam para vincular os poços marginais às plataformas de petróleo existentes, na tentativa de maximizar seus lucros. Uma delas é a Exxon Mobil Corp., que começou bombeando 13 mil barris por dia no fim de abril de um poço chamado Julia, na costa da Louisiana, cuja produção é enviada para a plataforma Jack/St. Malo, da Chevron Corp. A Exxon espera que a produção do Julia atinja 34 mil barris por dia.

Grandes petrolíferas, como a BP e a Royal Dutch Shell PLC, assim como firmas independentes, como a Anadarko Petroleum Corp. e a Noble Energy Inc., estão querendo vincular poços. Nenhuma revela o volume de produção que desejam atingir com os projetos, devido à concorrência.

A Noble, que tem priorizado os "tiebacks", em vez de projetos de xisto, quase dobrou sua produção no Golfo no primeiro trimestre e tem outro poço na costa que começará a produzir em alguns meses. A Anadarko tem mais de 30 prospectos para conexões de poços marginais e irá perfurar até sete deles este ano, segundo o diretor financeiro Bob Gwin.

"Com o petróleo a US$ 60, algo que estamos torcendo para que aconteça, essas oportunidades terão um retorno de mais de 70%", disse Gwin a analistas na Conferência de Gás da UBS Global Oil, realizada no mês passado em Austin.

Esses poços vinculados são perfurados em campos que não são grandes o suficiente para justificar os gastos vultosos de construção de novas e gigantescas plataformas flutuantes. Alguns desses poços são lucrativos até quando o petróleo é negociado entre US$ 25 e US$ 30 o barril, e muitos mais podem dar lucro com os preços entre US$ 30 e US$ 40, segundo analistas da consultoria Wood Mackenzie.

Construir as enormes plataformas de petróleo pode levar até dez anos e custar bilhões de dólares. Uma vez prontas, "você pode tirar tudo dali" ao maximizar o petróleo que cada plataforma bombeia e processa, diz Terry Yen, analista da Agência de Informação de Energia dos EUA.

Os custos de perfuração em águas profundas têm caído e continuarão a cair com o vencimento dos contratos de longo prazo das plataformas. A IHS Petrodata estima que o aluguel de um navio de perfuração caiu pela metade desde o pico do boom petrolífero, de US$ 600 mil por dia em 2013 para US$ 300 mil hoje.

As empresas também estão acessando mais poços em águas profundas. A Shell economizou US$ 1 bilhão em seu projeto Stones, de águas ultraprofundas, que fica cerca de 300 quilômetros de New Orleans e começará a operar no ano que vem, usando em projetos costeiros um sistema de poços mais finos que os engenheiros adaptaram das operações de formações de xisto em terra.

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