Jornal do Commercio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou ontem, na inauguração da segunda usina de biodiesel da Petrobras, no município de Quixadá (CE), que o Brasil será líder mundial na produção de biocombustíveis, sem que para isso tenha que colocar em risco a segurança alimentar.
"Temos uma grande política de biocombustíveis e uma grande política de alimentos", afirmou Lula. Ao definir-se como um entusiasta do Programa Nacional de Biodiesel, o presidente reforçou que essa política pública representa a melhor oportunidade para desenvolver o semi-árido do Nordeste, considerada a região mais pobre do país.
O presidente reafirmou também que, a partir do Programa Nacional de Biodiesel, os pequenos agricultores não serão incentivados a cultivar soja, por se tratar de uma commodity agrícola com preço determinado pelo mercado internacional. Embora outras fontes estejam sendo pesquisadas, Lula enfatizou que a mamona e o girassol são tidas como as culturas com grande capacidade de desenvolvimento social, sobretudo no Nordeste. Essas serão as principais matérias-primas na usina de Quixadá, com capacidade anual para produzir 57 milhões de litros.
"Temos que marcar o dia de hoje como uma data histórica e fazer uma análise depois do nosso mandato para ver o que mudou nessa região a partir da instalação desta usina, onde foram investidos R$ 100 milhões pela Petrobras", disse Lula.
Enquanto internacionalmente cresce o debate sobre os riscos à segurança alimentar em função da ampliação da produção de oleaginosas destinadas à fabricação de biodiesel, o presidente da Petrobras Bicombustível, Alan Kardec, foi enfático ao afirmar que o Brasil tem uma condição diferenciada do resto do mundo. "Temos água, solo, gente disposta a trabalhar, além de muita oferta de terras férteis. Não comprometeremos, de forma alguma, a produção de alimentos", assegurou.
Lula destacou que o governo federal liberou R$ 25 bilhões, via BNDES, para elevar a produção de alimentos provenientes da agricultura familiar. Os recursos para compra de 60 mil tratores e 300 mil implementos agrícolas serão financiados aos agricultores com 10 anos de prazo para pagamento e juros de 2% ao ano.
Lula também afirmou que há discussão se o preço pago aos agricultores pela produção de matérias-primas para biodiesel está sendo justo para gerar renda e cobrir os custos de produção. O governador do Ceará, Cid Gomes, disse que essa também é uma preocupação sua, tanto que elevou de R$ 150 para R$ 200 o subsídio governamental por hectare de terra cultivado no Estado, e que complementará o valor de R$ 0,88 pago aos agricultores cearenses pela Petrobras, por quilo de caroço de mamona, para que esse preço chegue a R$ 1 por quilo.
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