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Brasil Ecodiesel deverá incorporar Vanguarda e dobrar de tamanho

Valor Econômico
19/04/2011 12:46
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Em abril de 2010, quando recebeu o Valor no escritório da Vanguarda do Brasil em Cuiabá (MT), o produtor, empresário rural e depois político Otaviano Pivetta, fundador da companhia, não escondeu que já tinha estado muito perto de abrir o capital em 2008, mas que o plano fora suspenso por causa dos reflexos da crise financeira global que se seguiu ao debacle do banco Lehman Brothers, em setembro daquele ano.


A partir de informações divulgadas ontem, o tão acalentado plano de Pivetta de fazer uma oferta pública da Vanguarda provavelmente nunca se tornará realidade Mas, mesmo assim, esse gaúcho que se estabeleceu no coração de Mato Grosso na década de 80 está muito perto de se tornar o maior acionista individual daquela que deverá ser a maior empresa agrícola com ações negociadas em bolsa do país.


A nova líder em questão é a Brasil Ecodiesel, que após incorporar a tradicional Maeda Agroindustrial, em um negócio definido no fim de 2010, deverá começar a digerir a Vanguarda do Brasil nas próximas semanas, depois que a transação passar pelas auditorias de praxe e for aprovada por seu conselho de administração.


Para assumir 100% das ações da Vanguarda, a Brasil Ecodiesel terá que fazer uma operação para aumentar seu capital em R$ 1,2 bilhão. Concluída a operação, Pivetta ficará com uma fatia de 30% a 32% da Brasil Ecodiesel, cujo faturamento anual mais do que dobrará. Ele participará do conselho da companhia, mas não terá cargo executivo.


Quem explicou os detalhes da operação foi Marcelo Paracchini, executivo do Grupo Veremonte, controlado pelo investidor espanhol Enrique Bañuelos, do qual o executivo é considerado o braço direito. Segundo ele, o Veremonte já acertou a aquisição de 50% da Vanguarda e agora aguarda o sinal verde do conselho da Brasil Ecodiesel para efetivar o processo para o aumento de capital e a nova incorporação em si. Apesar de Pivetta estar perto de se tornar o maior acionista individual da Brasil Ecodiesel, as cartas continuarão sendo dadas por Bañuelos e sua estrutura.


Nesse caso, é mais ou menos o mesmo modelo adotado na incorporação da Maeda, que exigiu um aumento de capital da ordem de R$ 320 milhões. Os Maeda ficaram com 33% do capital social da Ecodiesel, mas o controle passou às mãos do fundo espanhol Arion Capital, controlado pelo investidor.


Ao fechar negócio com a família Maeda, Bañuelos agregou uma área de produção agrícola de 100 mil hectares à Brasil Ecodiesel, que até então concentrava-se no mercado de biodiesel, hoje alocado na divisão de Energias Renováveis da companhia.


Com a Vanguarda, serão outros 230 mil hectares, mais de 150 colheitadeiras e três aviões, uma estrutura que a Maeda não possuía. "A Vanguarda é uma empresa completamente mecanizada. Teremos uma Brasil Ecodiesel melhor e líder entre as empresas do setor agrícola com ações em bolsa", afirmou Paracchini ao Valor. Hoje as maiores companhias agrícolas abertas são a SLC e a BrasilAgro.


Dos 330 mil hectares da "nova" Brasil Ecodiesel, 224 mil foram ocupados por lavouras de soja nesta safra 2010/11, que está em fase de colheita no país. Outros 62 mil hectares foram dedicados ao algodão neste mesmo ciclo, e o milho foi plantado na área restante. O faturamento anual da Vanguarda chegou a cerca de R$ 440 milhões, ante os R$ 395 milhões da Brasil Ecodiesel - ou seja, será uma injeção e tanto.


De acordo com Paracchini, para o novo negócio foi instituído um comitê independente orientado pelo Parecer 35 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e é esse comitê que dará a palavra final. No futuro processo de aumento de capital que será necessário para a conclusão do negócio, a oferta aos acionistas minoritários deverá ser de R$ 0,89 por ação da Brasil Ecodiesel, o que equivale a um prêmio de 4,7% sobre os valores de ontem.


"Vamos aliar a expertise financeira da Veremonte à competência agrícola da Vanguarda", afirmou Paracchini. Segundo ele, haverá mais novidade na frente agrícola neste ano. "Nossa ideia é fazer a 'PDG do agronegócio'", disse o executivo em referência aos negócios do braço imobiliário do grupo controlado por Enrique Bañuelos. A possibilidade de negociar com Pivetta foi apresentada à Veremonte pelo BTG Pactual, que já foi acionista da Vanguarda.
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