Valor Econômico
O presidente da Bolívia, Evo Morales, destituiu ontem o presidente da petrolífera estatal
Alvarado apresentou sua renúncia após uma auditoria ter apontado irregularidades em dois contratos sob sua responsabilidade: um, de exportação de petróleo, em que foi contratada uma empresa intermediária - o que é proibido - e onde o preço ficou abaixo do de mercado; outro, de importação de diesel supostamente sobrevalorizado. O caso explicitou uma certa confusão entre as autoridades bolivianas, o que, segundo observadores, pode ter provocado uma reação política, com o aumento da pressão sobre as petroleiras internacionais.
A espanhola
O mesmo cansaço já pode ser notado na Petrobras, que tem três executivos sob ordem de prisão na Bolívia. A estatal está negociando com os bolivianos em quatro grupos. Um deles foi formado para discutir a revisão da cláusula de preço do contrato de gás (o GSA) e tem tido reuniões, consideradas cansativas e repetitivas, alternadas nos dois países.
Na Bolívia, foram formados três grupos, mas a última reunião ocorreu no dia 21 de junho. O objetivo era avaliar os novos contratos de exploração e produção; a situação das refinarias da Petrobras depois do decreto de nacionalização; e o período de transição para a indústria se adaptar ao decreto.
Na visita do vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, ao Brasil, na semana passada, ele manifestou preocupações do governo que foram pouco percebidas aqui devido à amplitude da ferrenha oposição às petroleiras, em geral, e à Petrobras, em particular, pelo ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, que já acusou a estatal de estar "atrapalhando" a implantação do decreto de nacionalização.
Linera insistiu para que a
O vice boliviano teria prometido ainda "segurar" a verborragia do ministro Soliz Rada. E manifestou preocupação com o desabastecimento de óleo diesel no norte do país, o que ocorreu depois que a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) voltou a ter o monopólio da importação e distribuição de combustíveis no país.
A avaliação de técnicos do setor é de que falta experiência comercial à YPFB, que também tem enfrentado problemas logísticos.
Observadores acham que o governo da Bolívia está se vendo "encurralado" já que, três meses depois do decreto de nacionalização anunciado no dia 1º de maio, nenhuma das promessas saiu do papel. Apesar da nomeação, por decreto, de diretores para as duas refinarias da Petrobras, elas continuam sob a gestão brasileira.
A estatal argumenta que enquanto a YPFB não comprar suas ações, e não se tornar proprietária das plantas, não poderá nomear ninguém. "O decreto nada mais é do que uma declaração de intenções de que vai retomar ativos de forma compulsória", disse um executivo da indústria ao Valor.
O escritório da Repsol na Bolívia foi alvo de uma batida, na sexta, pela segunda vez este ano, por funcionários da Justiça que procuravam documentos capazes de provar a existência de um suposto acordo ilegal entre a empresa espanhola e a brasileira Petrobras, disse o jornal boliviano "La Razón", em sua edição de 26 agosto, citando funcionário da Justiça do país.
A batida poderá levar a Repsol à Justiça boliviana ou a um foro judicial internacional, disse a empresa ontem em comunicado divulgado por e-mail. "A empresa está cada vez mais preocupada com a falta de segurança legal atualmente existente na Bolívia", disse a Repsol em nota divulgada na sede, em Madri.
Fale Conosco
13