Valor Econômico
Sócio da Eletrobras na bilionária usina hidrelétrica de Belo Monte e dono de quase duas dezenas de usinas termelétricas licitadas em 2008, o grupo Bertin teria de colocar em funcionamento em janeiro seis das usinas térmicas que ganhou a concessão há dois anos. Os investimentos seriam de cerca de R$ 4 bilhões e juntas elas teriam capacidade de gerar 1.000 megawatts (MW). Mas elas não estarão funcionando no prazo em função de um sério problema de logística para a entrega de óleo combustível, que pode inviabilizar economicamente os projetos.
Se de um lado elas viraram um problema para o empreendedor, de outro afetaram todo o mercado livre de energia. Foram justamente essas térmicas as responsáveis pela alteração do plano de expansão do governo que afetou o preço da energia no mercado à vista. "Eu particularmente acredito que não havia necessidade de retirá-las do plano de expansão porque elas vão atrasar mas não significa que não vão entrar em operação", disse ao Valor o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Mas a decisão da retirada foi tomada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), onde Tolmasquim também tem assento.
De acordo com o relatório de fiscalização da Aneel, o grupo Bertin, dono das seis térmicas com iniciais MC², pediu por razões estratégicas e otimização ambiental e econômica a alteração da localização dos projetos para que fiquem concentrados todos no município de Candeias, em área industrial próxima ao porto baiano de Aratu. Pela proposta apresentada à Aneel seriam reduzidas significativamente a área construída, haveria compartilhamento da central de utilidades, tancagem, linhas de transmissão, dutos de combustível e água de resfriamento e equipamentos de controle ambiental e velocidade de implementação. Mas o pedido está sendo analisado pela EPE, Aneel e Operador Nacional do Sistema (ONS).
A questão da logística da entrega de combustível é um problema sério porque são necessários muitos caminhões de combustível para fazer funcionar uma usina. Mas em 2008, havia falta de gás e de projetos hidrelétricos e isso fez com que basicamente fossem vendidas quase 3.000 MW de energia que serão geradas a partir de termelétricas movidas a óleo combustível.
Muitos projetos na época foram vendidos por grupos que até então não tinham tradição de investimento no setor elétrico. Uma das razões é que as usinas térmicas movidas a óleo são sempre as últimas a serem acionadas em caso de falta de energia hidrelétrica. Isso porque justamente o combustível é mais caro e também porque são as que mais poluem. Para os investidores, pode ser um excelente negócio já que a receita com a venda da energia em leilão fica garantida por 15 anos.
Não é à toa que mesmo empresas como a CPFL Energia, com diversos prêmios de sustentabilidade e que se colocava como empresa investidor em energias renováveis, acabaram por comprar alguns desses projetos termelétricos. Mais recentemente foi a vez da Hidrotérmica, do grupo Bolognesi do Rio Grande do Sul e que tem o FI FGTS como sócio, comprou duas das térmicas vendidas no leilão de 2008. Mas essas usinas só precisam entrar em operação em 2013.
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