Análise

Auto-suficiência sujeita a clima de investimento e preços

BNamericas
26/04/2006 03:00
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O Governo Federal do Brasil necessita melhorar o clima de negócios para os investidores privados e evitar controlar o preço interno dos combustíveis para assegurar que o país mantenha a recém conquistada auto-suficiência petrolífera, disseram a BNamericas conultores independentes do setor.

"O Brasil tem a possibilidade de manter esta auto-suficiência durante longo tempo", destacou Márcio Mello, diretor da empresa local de serviços geológicos HRT Petróleo e presidente da Associação Nacional de Geólogos de Petróleo.
 
"A geologia do país demonstra que existe a possibilidade de aumentar as reservas e duplicar a produção em 10 anos se se mantem o mesmo nível de investimentos", declarou.

A Petrobras está investimento R$ 37 milhões (US$ 17,4 milhões) em uma campanha publicitária para celebrar a conquista, meta que se fixou em 1953, quando se criou a companhia.

Segundo a Petrobras, o simbólico início das operações comerciais da plataforma de 180 mil barris por dia, a P-50, no campo de Albacora, permitirá à emrpesa produzir este ano mais de 1,9 milhões de barris diários de petróleo.

"A empresa esteve investindo mais de US$ 1 bilhão anuais para elevar a produção e tudo indica que isto seguirá", informou Mello em referência ao plano estratégico de investimento da Petrobras para o período de 2006-2010, que supera US$ 56 bilhões.

Do total, Petrobras pretende investir US$ 34 bilhões em exploração e produção, que segundo a empresa, lhe permitirá elevar a produção a uma taxa anual de 9,1% para chegar aos 2,3 milhões de barris por dia em 2010.

Isto se compara com a alta que a empresa projeta para o consumo interno de combustível, que é de 2,6% anual. Para isto, a Petrobras necessita somar 1 milhão de barris anuais de petróleo a suas reservas de cerca de 12 bilhões de barris, comentou o consultor independente Giuseppe Baccoccoli.

"Isto equivale a um campo Papa-Terra por ano", disse em referência ao descobrimento feito pela companhia na Bacia do Espírito Santo em dezembro de 2005, que demandou oito anos de exploração.

Mas para que os investimentos em exploração e produção se mantenham a este ritmo, o Governo do Brasil deve permitir que a Petrobras maneje os preços internos dos derivados de petróleo baseando-se em critérios comerciais.

"Qualquer tipo de internvenção governamental nos preços seria desastroso", acrescentou Baccoccoli. "A empresa necessita preservar sua capacidade de investimento".

Apesar dos desmentidos, alguns analistas do mercado e consultores sinalizam que as atuais políticas para a fixação dos preços dos combustíveis tem uma clara influência do governo, que tem seis lugares, entre eles o de presidente, no conselho diretório da Petrobras, que é composto por nove membros.

Em 2005, enquanto os preços internacionais do petróleo se dispararam cerca de 30%, a Petrobras - que controla 95% do refino no país - elevou os preços no atacado em três oportunidades durante o ano, aumentou que no total chegou ao redor de 10%.

Investimento privado

O otimismo a respeito da sustentabilidade da auto-suficiência petrolífera do Brasil não se baseia meramente na capacidade de investimento da Petrobras, se não, também na geologia do território nacional.

Cerca de 85% da produção do país provêm da bacia offshore de Campos, onde se começou a extrair na década de 80 e só oito das 29 a 30 bacias sedimentares brasileiras são exploradas tanto pela Petrobras como por outras empresas, destacou Baccoccoli.

"Só começamos a explorar as bacias de Santos e Espírito Santo", ressaltou mello. "Essas bacias apresentarão muitos resultados e inclusive em Campos existe potencial em águas ultraprofundas agora que estamos nos afastando das costas".

Recentemente foram feitas descobertas em ambas bacias, entre elas as dos blocos BS-400 e BS-500 na Bacia de Santos.

Ainda que a Petrobras espere encabeçar os investimentos e a produção, pouco a pouco empresas privadas que participaram das últimas sete rodadas de licitações de exploração foram sendo incorporadas. Segundo o órgão regulador de hidrocarbonetos, a ANP, além da Petrobras existem outras 55 petroleiras operando no país.

Muitas delas são de menor envergadura com operações onshore, principalmente no Nordeste, onde se descobriu petróleo pela primeira vez, em 1934, mas algumas firmas internacionais estão, finalmente, conseguindo retornos sobre o investimento no país.

As petroleiras norte-americadas Devon e Kerr MacGee começaram a invesir no desenvolvimento dos últimos descobrimentos offshore, a petroleira major anglo-holandesa Shell pretende elevarsua produção de 40 mil barris dia a partir de novos empreendimentos. Chevron e a canadense Nexen tem participações de 30% e 20%, respectivamente, no campo de Papa Terra, que deverá começar a produzir em 2011.

No entanto, o país necessita melhorar o clima de negócios para garantir que estas empresas sigam investindo no Brasil e que cheguem outras novas, segundo Mello.

Existem, pelo menos, três áreas nas que o governo necessita centrar-se: implementar um processo de licenciamento mais claro e expedito, além de delinear metas de exploração de longo prazo, o que conseguiria revelando detalhes sobre futuras rodadas de licitação de maneira antecipada e fortalecendo a ANP, que durante anos não conta com fundos suficientes.

"Na África estãos endo feitas grandes investimentos, na Colômbia e no Peru estão buscando agressivamente novos investimento, portanto o Brasil necessita sair e buscar investidores", afirmou Mello.

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