A produção de cana no centro-sul do Brasil não deve variar muito na próxima safra em relação à que está sendo colhida agora, e pode na verdade ser até inferior por causa da seca, avaliou a consultoria Datagro na quinta-feira.
"Será uma safra que não terá um grande aumento", disse o presidente da Datagro, Plinio Nastari, que participou em São Paulo de um evento sobre biocombustíveis. "Ainda não sabemos se ela será maior ou menor (que a safra de 2011/12)."
A Datagro prevê que a região centro-sul irá moer 498 milhões de toneladas de cana na atual temporada de 2011/12, abaixo da previsão inicial, em abril, que era de 561 milhões de toneladas. No ano passado, a região processou cerca de 557 milhões de toneladas.
O atual período de seca pode levar a Datagro a reduzir ainda mais a sua estimativa nas próximas semanas.
"A perspectiva de melhoria (na produtividade) no terço final da temporada da moagem parece ainda mais remota", disse Nastari.
Esta é a primeira safra com redução na produção em 11 anos. O centro-sul responde por cerca de 90% da cana produzida no Brasil, que é o maior exportador mundial de açúcar.
Na quarta-feira (28), o executivo-chefe da Cosan, maior conglomerado canavieiro do país, disse que a produção pode ter um crescimento em torno de 200 milhões de toneladas nos próximos dois anos, apenas pela recuperação da produtividade nos canaviais existentes.
O Brasil responde por mais da metade do comércio global de açúcar, e qualquer variação na produção pode ter um forte impacto sobre os preços internacionais do produto.
A produtividade da cana brasileira diminuiu principalmente por causa das condições climáticas desde o ano passado, mas também devido à escassez de investimentos no replantio dos canaviais, que por estarem envelhecendo se tornam menos produtivos.
A Datagro prevê que nesta safra a produtividade ficará em torno de 72 toneladas de cana por hectare, abaixo das 85 toneladas de 2008, que foi um ano de boa produção.
"(A recuperação) vai levar três a quatro anos", disse Nastari. "É muita cana, e a cada ano os canaviais estão ficando mais velhos."
Os investimentos nos canaviais tiveram um acentuado declínio depois que a crise global do crédito, em 2008, atingiu muitos grupos canavieiros do Brasil que haviam contraído dívidas para crescerem. Várias empresas agora estão retomando seus programas de replantio, embora a seca retarde as operações, segundo Nastari. A cana recém-plantada leva pelo menos um ano para atingir a produção plena.