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Atuação da Vale em fertilizantes patina

Em 2010, a companhia concluiu a compra de ativos da Bunge.

Valor Econômico
07/03/2014 12:42
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A Vale tem encontrado dificuldades para levar adiante o plano de se transformar em uma grande produtora mundial de fertilizantes. Em 2010, a empresa concluiu a compra de ativos da Bunge no segmento e a aquisição do controle acionário da Fosfertil, produtora brasileira de nutrientes de fertilizantes. O negócio custou US$ 4,7 bilhões à mineradora e fez da companhia protagonista do segmento no país. Como resultado, criou-se no mercado a expectativa de novos aportes, necessários para reduzir a forte dependência brasileira das importações de adubos.
Mas pressões políticas fora do controle da Vale e questões econômicas levaram a mineradora a desistir do projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina, e a lançar, no balanço do quarto trimestre de 2013, uma baixa contábil ("impairment") de R$ 5,4 bilhões relativa ao projeto. O "impairment" é a redução do valor recuperável de ativos. Além disso, em fevereiro a empresa decidiu colocar em banho-maria outro grande empreendimento na área de potássio - Carnalita - em Sergipe.
No Estado, a Vale já produz potássio no projeto Taquari-Vassouras, que está em processo de exaustão das minas. Em 2013, Taquari-Vassouras produziu 492 mil toneladas, com queda de 10,3% sobre 2012.
Os reveses enfrentados estão levando a Vale a buscar alternativas para os fertilizantes, segmento que em 2013 contribuiu com R$ 6,4 bilhões para os negócios da empresa, montante equivalente a 6% da receita operacional da companhia. Em 2012, a receita dos fertilizantes havia sido maior, de R$ 7,4 bilhões, assim como a fatia no bolo da receita total, que alcançou 7,8%.
"Ainda este ano vamos anunciar nosso planejamento estratégico para o setor de fertilizantes. Certamente teremos novidades. Mas ainda é prematuro ir além disso", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira, ao Valor. O executivo também informou que estendeu até 30 de março o prazo para tomar uma decisão final sobre se levará Carnalita adiante. É um projeto com capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas de potássio por ano, podendo crescer.
A Vale concluiu estudos de viabilidade de engenharia de Carnalita, mas aguarda uma definição institucional das autoridades de Sergipe sobre o projeto. Tudo por causa da briga entre os municípios sergipanos de Capela e Japaratuba, relacionada aos impostos e investimentos esperados com a implantação do projeto. Em 19 de fevereiro, Ferreira participou de uma audiência com as autoridades de Sergipe no Senado.
Depois do encontro, o presidente da Vale anunciou que daria prazo até 28 de fevereiro para desmobilizar toda a equipe da empresa envolvida no projeto de Carnalita, prazo agora estendido em mais um mês. Na divulgação do balanço de 2013, Ferreira também deixou claro que a Vale poderá vender Carnalita caso o impasse não chegue ao fim. Em 2012, a empresa assinou com a Petrobras um contrato estendendo por 30 anos o arrendamento de ativos e direitos minerários de potássio em Sergipe, cuja concessão pertence à petroleira. O acordo permitiu à Vale dar continuidade à operação de Taquari-Vassouras e seguir com o desenvolvimento de Carnalita.
Fontes próximas das negociações dizem que será preciso que um acordo assinado na semana passada entre Japaratuba e Capela, já sancionado pelo governo de Sergipe, seja referendado pela Assembleia Legislativa do Estado, pelas câmaras municipais dos dois municípios e tenha até anuência do judiciário. "Na minha terra [Minas Gerais], aprendi, desde criança, que para entrar na casa das pessoas tinha que primeiro bater e perguntar: Posso entrar? Faço a mesma coisa até hoje [na Vale]", disse Ferreira. Segundo ele, a presidente Dilma e o governador de Sergipe, Jackson Barreto, têm muito entusiasmo pelo projeto de Carnalita.
A Vale quer evitar em Carnalita a repetição da experiência Argentina, onde a empresa teve problemas com províncias e com o governo federal. Mas, na Argentina, a situação econômica teve um peso determinante para a Vale paralisar Rio Colorado uma vez que houve um grande descasamento entre ativos e passivos. "Tivemos de tomar uma atitude dura. Talvez hoje, se eu tivesse levado à frente o projeto, o prejuízo não seria de R$ 5,4 bilhões, mas de R$ 15 bilhões", disse Ferreira. Ele afirmou que, se forem necessárias, novas provisões para Rio Colorado serão "mínimas".
Na busca por soluções, a Vale anunciou, no fim de 2013, que analisava abrir participação para um sócio estratégico na área de fertilizantes. A sociedade pode se dar na holding que controla o negócio, a antiga Vale Fertilizantes (hoje uma área de negócios da mineradora) ou em projetos específicos - como Carnalita ou Kronau, no Canadá, que está em fase de estudos de engenharia.
A Vale também continua tentando achar um comprador para Rio Colorado, mas ainda não conseguiu um interessado efetivo. Kronau e Rio Colorado foram comprados pela Vale, da Rio Tinto, em 2009.
Na área de rocha fosfática, a Vale registrou um bom desempenho em 2013 devido ao crescimento da produção de Bayóvar, no Peru, e à performance das minas no Brasil. Em teleconferência sobre os resultados, na semana passada, Ferreira disse que a Vale está comprometida em concluir, no segundo semestre, as negociações para a entrada de sócios na área de fertilizantes.

A Vale tem encontrado dificuldades para levar adiante o plano de se transformar em uma grande produtora mundial de fertilizantes. Em 2010, a empresa concluiu a compra de ativos da Bunge no segmento e a aquisição do controle acionário da Fosfertil, produtora brasileira de nutrientes de fertilizantes. O negócio custou US$ 4,7 bilhões à mineradora e fez da companhia protagonista do segmento no país. Como resultado, criou-se no mercado a expectativa de novos aportes, necessários para reduzir a forte dependência brasileira das importações de adubos.

Mas pressões políticas fora do controle da Vale e questões econômicas levaram a mineradora a desistir do projeto de potássio de Rio Colorado, na Argentina, e a lançar, no balanço do quarto trimestre de 2013, uma baixa contábil ("impairment") de R$ 5,4 bilhões relativa ao projeto. O "impairment" é a redução do valor recuperável de ativos. Além disso, em fevereiro a empresa decidiu colocar em banho-maria outro grande empreendimento na área de potássio - Carnalita - em Sergipe.

No Estado, a Vale já produz potássio no projeto Taquari-Vassouras, que está em processo de exaustão das minas. Em 2013, Taquari-Vassouras produziu 492 mil toneladas, com queda de 10,3% sobre 2012.

Os reveses enfrentados estão levando a Vale a buscar alternativas para os fertilizantes, segmento que em 2013 contribuiu com R$ 6,4 bilhões para os negócios da empresa, montante equivalente a 6% da receita operacional da companhia. Em 2012, a receita dos fertilizantes havia sido maior, de R$ 7,4 bilhões, assim como a fatia no bolo da receita total, que alcançou 7,8%.

"Ainda este ano vamos anunciar nosso planejamento estratégico para o setor de fertilizantes. Certamente teremos novidades. Mas ainda é prematuro ir além disso", afirmou o presidente da Vale, Murilo Ferreira, ao Valor. O executivo também informou que estendeu até 30 de março o prazo para tomar uma decisão final sobre se levará Carnalita adiante. É um projeto com capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas de potássio por ano, podendo crescer.

A Vale concluiu estudos de viabilidade de engenharia de Carnalita, mas aguarda uma definição institucional das autoridades de Sergipe sobre o projeto. Tudo por causa da briga entre os municípios sergipanos de Capela e Japaratuba, relacionada aos impostos e investimentos esperados com a implantação do projeto. Em 19 de fevereiro, Ferreira participou de uma audiência com as autoridades de Sergipe no Senado.

Depois do encontro, o presidente da Vale anunciou que daria prazo até 28 de fevereiro para desmobilizar toda a equipe da empresa envolvida no projeto de Carnalita, prazo agora estendido em mais um mês. Na divulgação do balanço de 2013, Ferreira também deixou claro que a Vale poderá vender Carnalita caso o impasse não chegue ao fim. Em 2012, a empresa assinou com a Petrobras um contrato estendendo por 30 anos o arrendamento de ativos e direitos minerários de potássio em Sergipe, cuja concessão pertence à petroleira. O acordo permitiu à Vale dar continuidade à operação de Taquari-Vassouras e seguir com o desenvolvimento de Carnalita.

Fontes próximas das negociações dizem que será preciso que um acordo assinado na semana passada entre Japaratuba e Capela, já sancionado pelo governo de Sergipe, seja referendado pela Assembleia Legislativa do Estado, pelas câmaras municipais dos dois municípios e tenha até anuência do judiciário. "Na minha terra [Minas Gerais], aprendi, desde criança, que para entrar na casa das pessoas tinha que primeiro bater e perguntar: Posso entrar? Faço a mesma coisa até hoje [na Vale]", disse Ferreira. Segundo ele, a presidente Dilma e o governador de Sergipe, Jackson Barreto, têm muito entusiasmo pelo projeto de Carnalita.

A Vale quer evitar em Carnalita a repetição da experiência Argentina, onde a empresa teve problemas com províncias e com o governo federal. Mas, na Argentina, a situação econômica teve um peso determinante para a Vale paralisar Rio Colorado uma vez que houve um grande descasamento entre ativos e passivos. "Tivemos de tomar uma atitude dura. Talvez hoje, se eu tivesse levado à frente o projeto, o prejuízo não seria de R$ 5,4 bilhões, mas de R$ 15 bilhões", disse Ferreira. Ele afirmou que, se forem necessárias, novas provisões para Rio Colorado serão "mínimas".

Na busca por soluções, a Vale anunciou, no fim de 2013, que analisava abrir participação para um sócio estratégico na área de fertilizantes. A sociedade pode se dar na holding que controla o negócio, a antiga Vale Fertilizantes (hoje uma área de negócios da mineradora) ou em projetos específicos - como Carnalita ou Kronau, no Canadá, que está em fase de estudos de engenharia.

A Vale também continua tentando achar um comprador para Rio Colorado, mas ainda não conseguiu um interessado efetivo. Kronau e Rio Colorado foram comprados pela Vale, da Rio Tinto, em 2009.

Na área de rocha fosfática, a Vale registrou um bom desempenho em 2013 devido ao crescimento da produção de Bayóvar, no Peru, e à performance das minas no Brasil. Em teleconferência sobre os resultados, na semana passada, Ferreira disse que a Vale está comprometida em concluir, no segundo semestre, as negociações para a entrada de sócios na área de fertilizantes.

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