Internacional

Asiáticos vão à Rússia para reduzir a dependência do petróleo árabe

Valor Econômico / a
29/09/2004 03:00
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A Ásia precisa de energia e em grandes quantidades. O Japão é o segundo importador de petróleo do mundo, a China vem logo atrás, e Coréia do sul e Índia são importantes consumidores do produto. Nesse quadro, o temor de instabilidade no Oriente Médio e a alta dos preços estão levando a Ásia a se voltar para a Rússia como fonte alternativa de petróleo e gás natural.
"Está na hora de a Ásia se voltar para a Rússia para reduzir sua dependência do petróleo do Oriente Médio", disse ontem o ex-embaixador Minoru Tamba, atual conselheiro do Institute of Energy Economics. Ele falava no Fórum Asiático sobre Energia, em Tóquio.
O Japão consome 5,4 milhões de barris de petróleo por dia, ficando atrás apenas dos EUA. A demanda da China, que passou a importar petróleo em 1996, vem crescendo rapidamente. A expectativa é que a Índia se torne o quinto importador de petróleo nos próximos anos. E a demanda asiática por gás natural também cresce.
O preço do barril chegou a superar nesta terça-feira (29/09), pela primeira vez, a barreira dos US$ 50 em Nova York.
Os países asiáticos e, em particular, o Japão, são muito dependentes do petróleo do Oriente Médio. Juntos, Japão, Coréia do Sul e China importam do Oriente Médio 77% do petróleo que consomem, afirmou Tamba.
Com a violência no Iraque e o crescimento do temor de ataques terroristas no Oriente Médio, essa dependência preocupa a Ásia e cria oportunidades para a Rússia, que produz petróleo e gás.
Primeiro país produtor (superou a Arábia Saudita no primeiro semestre deste ano) e segundo exportador de petróleo do mundo, a Rússia deve poder exportar entre 5,8 milhões e 6 milhões de barris por dia até 2010, segundo Armen Safaryan, especialista em energia da Universidade de Moscou. "A Rússia pode se tornar um futuro fator de estabilização para os mercados de energia da Ásia, como um dos principais exportadores de petróleo e gás para a região."
Iniciativas nesse sentido avançam. Empresas russas, americanas e japonesas trabalham na extração de petróleo e gás no projeto Sakhalina, no extremo leste da Rússia. A previsão oficial é que até 2010 a extração de petróleo na ilha ultrapasse os 185 milhões de barris por ano, segundo Sararyan.
China e Japão disputam a construção de oleodutos e gasodutos a partir da Rússia. Pequim quer uma ligação entre o petróleo siberiano e Daqing, na China, enquanto Tóquio defende a construção de um oleoduto até o porto russo de Nakhodka, no oceano Pacífico. Em negociações com representantes chineses, na semana passada, autoridades russas propuseram um duto até Nakhodka, com um ramal fazendo a ligação até a China.
A China também iniciou ontem a construção de um oleoduto da ex-república soviética do Cazaquistão até seu território. A previsão é que o duto transporte petróleo não só cazaque, mas também russo, num total de até 400 mil barris por dia.
A ligação, de 962 km de extensão, deve representar um grande avanço para a economia do Cazaquistão, país rico em recursos minerais que tem planos de triplicar sua produção de petróleo, ultrapassando os 3 milhões de barris por dia, até 2015.
O projeto, orçado em US$ 700 milhões, será financiado pela estatal chinesa de petróleo CNPC e pela cazaque KazMunaiGas. Prevê-se que o oleoduto esteja pronto em dezembro do próximo ano.
Essas iniciativas são acompanhadas com interesse por todo o setor energético. Um diretor do Ministério do Petróleo e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Ahmad Al-Ghamdi, alertou, porém, que a maior participação da Rússia no mercado global de energia não resultará obrigatoriamente na queda dos preços do petróleo. "A diversificação das fontes de suprimento não oferece proteção contra a alta de preços."

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