Reservas

Artigo afirma que mundo tem petróleo para dar e vender

Em artigo publicado na edição de 21 de maio da revista Science, o economista Leonardo Maugeri, vice-presidente de estratégia corporativa da empresa petrolífera italiana Eni, afirma que, ao contrário do que muitos imaginaram - e imaginam -, a Era do Petróleo está longe de terminar.

Fapesp
26/05/2004 03:00
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As mais otimistas estimativas feitas em 1942 apontavam que os poços de petróleo na região do rio Kern, na Califórnia, produziriam no máximo mais 54 milhões de barris. Ocorre que nos 44 anos seguintes os mesmos poços geraram 736 milhões de barris. Além disso, calcula-se que ainda existam outros 970 milhões. Antes, em 1919, diversos geólogos, liderados pelo diretor da U.S. Geological Survey, haviam errado feio ao afirmar que todo o petróleo dos Estados Unidos acabaria em apenas nove anos.
Em artigo publicado na edição de 21 de maio da revista Science, o economista Leonardo Maugeri, vice-presidente de estratégia corporativa da empresa petrolífera italiana Eni, parte de exemplos como esses para lançar uma polêmica. Ele afirma que, ao contrário do que muitos imaginaram - e imaginam -, a Era do Petróleo está longe de terminar.
De acordo com Maugeri, previsões pessimistas têm sido sucedidas por análises e descobertas que as refutam, em movimento cíclico desde o início do século 20. O autor alerta para a ocorrência de uma nova onda que propaga o fim próximo do petróleo em todo o mundo. "O pior efeito desse pânico recorrente é que ele tem gerado políticas imperialistas e levado ao controle sobre regiões produtoras", disse.
"Embora os recursos de hidrocarbonetos sejam indiscutivelmente finitos, a verdade é que ninguém sabe o quão finito eles são. O petróleo está contido em rochas porosas subterrâneas, o que torna difícil estimar quanto do produto existe e quanto pode ser efetivamente extraído", escreveu no artigo.
De acordo com o italiano, nos últimos tempos muitos estudos têm verificado o fenômeno do  crescimento da reserva, no qual a quantidade real de petróleo em um campo acaba sendo muito maior do que o estimado inicialmente. Maugeri cita o exemplo da mais recente descoberta de peso no setor, a do campo de Kashagan, no Cazaquistão.
Estudos geológicos mostravam há décadas a existência do campo, mas com estimativas pouco animadoras para levar à prospecção. Somente após um grande estudo ter sido conduzido por companhias multinacionais, na década de 1990, se verificou o potencial, estimando as reservas entre 2 bilhões e 4 bilhões de barris. Em 2002, outros estudos elevaram os valores para algo entre 7 e 9 bilhões. Em fevereiro de 2004, novas análises mostraram que o campo de Kashagan poderá produzir pelo menos 13 bilhões de barris e que a capacidade real é muito maior.
Maugeri não comenta as recentes altas no preço do petróleo, que atingiu mais de US$ 40 por barril há uma semana, mas afirma que a adoção de novas tecnologias de exploração tem contribuído para a drástica queda no custo de prospecção e desenvolvimento nos últimos 20 anos, de US$ 21 por barril em 1979 a menos de US$ 6 em 1999.
Especialistas apontam que as novas descobertas são insuficientes, suprindo apenas um quarto do consumo mundial. Maugeri refuta a afirmação, dizendo que as descobertas só não são maiores porque as empresas petrolíferas não querem. De acordo com ele, os principais produtores do mundo têm minimizado o investimento em prospecção nas duas últimas décadas, principalmente por medo de levar a um excesso na capacidade do petróleo, como o ocorrido em 1986, quando o barril caiu para menos de US$ 10.
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