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Aos 40 anos, BR tem plano agressivo de expansão

Valor Econômico
19/12/2011 12:22
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A BR Distribuidora, braço de distribuição da Petrobras acaba de completar 40 anos e não conta com seu parentesco com a estatal para ganhar mercado. A empresa tem hoje a maior participação no mercado global de combustíveis do país, com 38,8%, e é a maior fornecedora de combustível de aviação, com 63,5% do mercado, mas tem apetite para mais. Quer crescer, e para isso planeja investir R$ 1,337 bilhão em 2012. O atual plano estratégico prevê R$ 5,2 bilhões em investimentos até 2015.

"Chegamos aos 40 anos com quase 40% de market share no país e o nosso desafio é continuar a crescer. ", disse José Lima Andrade Neto, presidente da BR Distribuidora ao Valor. E o que é crescer para uma empresa que já tem 40% de um mercado onde o segundo colocado, a Ipiranga, tinha 18,6% do mercado nacional no ano passado? Lima, como é conhecido o executivo que tem 33 anos de Petrobras com passagem por Brasília como ex-secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, responde explicando que a BR não é grande uniformemente.

"Em alguns lugares não temos esses 40%. No Sul, por exemplo, onde a Ipiranga (hoje do grupo Ultra) nasceu e é mais antiga do que nós, temos 27,6% do mercado", diz, referindo-se à participação no mercado de postos, já que a fatia total do mercado do Sul aumenta para 31,2% quando adicionadas vendas para o mercado de aviação e outros mercados comerciais.

O volume que será investido pela BR no próximo ano é 12,5% superior aos R$ 1,188 bilhão de 2011. Uma parte relevante será destinada à área de logística, incluindo a preparação da rede de postos para oferecer diesel com baixo teor de enxofre (S-50 e S-10) em todo o Brasil a partir do dia 1º de janeiro de 2012 e 2013. Para adequar suas bases ao novo combustível, a distribuidora da Petrobras prevê investir R$ 178 milhões em 2012.

Esse dinheiro é parte dos quase R$ 500 milhões que a companhia destinou no seu plano de negócios para o novo segmento no triênio 2011-2013. Mas não só. De olho no rentável mercado de lubrificantes, responsável pela maior margem de lucro na comercialização, a BR se prepara para investir R$ 82 milhões na modernização e ampliação da sua fábrica próxima à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, construída em 1974. E em 2014 começa a investir na construção de uma nova unidade de lubrificantes ao lado do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O plano é investir no Comperj até 2016, horizonte coberto apenas pelo plano estratégico da Petrobras para 2020.

O negócio de lubrificantes, responsável pela maior margem de lucro na comercialização, é onde existe maior concorrência entre marcas. O Lubrax, da Petrobras, é a marca mais lembrada pelos brasileiros, mas a BR compete com gigantes internacionais como a Texaco (que mantém a marca no país depois da fusão com a Chevron), Shell, Cosan, Repsol, Castrol e Total.

As razões para o foco da BR no crescimento se tornam óbvias quando o executivo lembra a incrível performance do mercado brasileiro de combustíveis nos últimos anos. A partir de 2009 as vendas começaram a ultrapassar o Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 7,5% em 2010 e ficou abaixo da média de 9% do consumo de derivados de petróleo. Entre os destaques está o combustível de aviação (alta de 16,3% em 2010) e a gasolina de aviação (7,5%), com tendência de alta já que no primeiro semestre de 2011 o volume comercializado aumentou 13%.

Atenta a esse movimento, que deve aumentar em época de Copa do Mundo (2014) e Olimpíada (2016), a distribuidora da Petrobras tem um motivo adicional para crescer nessa área: é dona de uma fatia de 61,4% do mercado brasileiro de combustíveis de aviação, segundo dados do Sindicato Nacional de Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) referentes a 2010. Não por acaso, a estrutura da BR em diversos aeroportos do país vai receber investimentos de R$ 73 milhões em 2012, sendo R$ 35 milhões em pool com outras companhia.

Para os próximos cinco anos estão programadas obras de ampliação e modernização das bases de atendimento dos aeroportos de Natal, Brasília, Galeão, Campinas, Guarulhos e Porto Alegre. E não fica aí.

A distribuidora também destinou R$ 38 milhões para criar a infra estrutura necessária para entrar em mais nove aeroportos do país: Zona da Mata (MG), Navegantes (SC), Itirapina (SP), Maringá (PR), Imperatriz (MA), Foz do Iguaçu (PR), Macapá (AP), Ilhéus (BA) e Eirunepé (AM). Nesse último, vai atender pedido das Forças Armadas, que vai aumentar a vigilância na região.

Esses investimentos têm o propósito de ampliar em 43 milhões de litros mensais de querosene de aviação a oferta do produto. Atualmente o Brasil consome mensalmente cerca de 600 milhões de litros de querosene de aviação, dos quais 400 milhões de litros são fornecidos pela BR. O aumento da oferta de combustíveis de aviação na rede BR se baseia em pesquisas que estimam em 20% o crescimento do movimento de passageiros nos aeroportos em função de eventos de massa como os esportivos.

"Somos o principal fornecedor de combustível de aviação do país e estamos dando atenção especial a esse segmento, já que essa é uma questão principal do país tanto em termos de logística como de atendimento. E se há um setor onde o Brasil não tem gargalos, e certamente não terá, é o de fornecimento de combustível", diz Lima.

Ao mencionar o crescimento diversificado do mercado brasileiro, o presidente da companhia é taxativo ao identificar o que ele chama de desafio logístico.

"Até pouco tempo atrás o PIB crescia o dobro do consumo de combustíveis. O coeficiente de elasticidade do setor era a metade do PIB. E seja por questões macroeconômicas como a migração das classes D e E ou os programas de incentivo para a cadeia automobilística nos investimentos anticíclicos, o fato é que passamos a ter um aumento do consumo de combustíveis em patamares mais altos. E para atuar em um mercado que cresce 7%, 9%, 5% ao ano, é preciso fazer investimentos em logística".

Lima chama a atenção para o desenho diferente do crescimento dos mercados regionais. O Nordeste e o Centro-Oeste, que cresciam sempre abaixo da média do país, ultrapassaram o PIB. Nenhuma reclamação, diz Lima, ao brincar que espera que esse "boom" continue por muito tempo. Mas ele levou a BR a rever o plano diretor de logística, notadamente a tancagem de derivados em todo o país.
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