Análise CNI

2018-2022: os desafios e as grandes mudanças políticas e econômicas no Brasil e no mundo

Redação/Agência CNI de Notícias
10/01/2018 20:15
2018-2022: os desafios e as grandes mudanças políticas e econômicas no Brasil e no mundo Imagem: Divulgação Visualizações: 539

As diversas mudanças verificadas no cenário mundial e no Brasil nos últimos anos foram os pontos de partida para a elaboração do Mapa Estratégico da Indústria para o período de 2018 a 2022. “Entre 2013 e 2017, o Brasil e o mundo passaram por mudanças expressivas, na economia e na política, com impactos sobre escolhas estratégicas dos agentes econômicos. Neste novo ambiente, a indústria precisa ser capaz de orientar suas escolhas e ações em cenários que ainda não estão claros”, avalia o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, na apresentação do documento Tendências Mundiais e Nacionais com Impacto na Indústria Brasileira, que apresenta os insumos para elaboração do novo mapa.

Os últimos 10 anos foram marcados por grandes transformações econômicas e políticas, no Brasil e no mundo. Para avaliar as opções e os desafios próximos, diz o estudo, é importante considerar os principais condicionantes externos e internos. Afinal, os reflexos da crise econômica internacional, iniciada em 2008, ainda estão presentes e são percebidos tanto na desaceleração da economia mundial quanto na redução dos fluxos de comércio internacional. Boa parte dos países desenvolvidos retomou sua trajetória de crescimento, mas o cenário atual é marcado por tensões sobre rumos, mudanças de expectativas e movimentos nacionalistas anti-imigração e protecionistas.

Globalização estagnada

As eleições nos países desenvolvidos têm sido acompanhadas por discursos antiglobalizantes, tanto no âmbito do trabalho quanto no da produção. O processo de globalização pode não estar retrocedendo, mas também não está progredindo como antes, avalia o estudo da CNI.

Uma das razões para isso está na crescente e compreensível preocupação com a sustentabilidade, em função do aquecimento global e da maior incidência de eventos climáticos extremos. O tema saiu da pauta original de protestos de grupos específicos para fazer parte da agenda política e econômica dos países, bem como da estratégia das empresas, conforme o estudo. O acesso a mercados, sobretudo aos de países desenvolvidos, está mais difícil, em razão da criação de requisitos com base em cláusulas ambientais, tendência reforçada pelas demandas dos consumidores. Os princípios da “economia verde” ganham força, impulsionando a geração de valor pela redução de emissões e maior eficiência no uso de recursos naturais.

Apesar da decisão dos Estados Unidos de deixar o Acordo de Paris, os avanços na agenda ambiental seguem como tendência mais provável, avalia o estudo que servirá de base para a elaboração do Mapa Estratégico para o período 2018-2022. No caso da indústria 4.0, por exemplo, a introdução de novas tecnologias de forma ampla na produção manufatureira possibilita a melhoria da eficiência operacional, pela redução de custos (otimização de processos, eficiência no uso de recursos e redução de defeitos nos produtos), pela flexibilização das linhas de produção (o que possibilita a customização em larga escala), pelo encurtamento de prazos de lançamento de produtos e pela introdução de novos produtos, serviços digitais e modelos de negócio.

No âmbito nacional, conforme o estudo elaborado pela CNI, o Brasil ainda enfrenta uma das piores crises políticas e econômicas de sua história. Três anos seguidos de crescimento negativo deixaram como saldo uma queda acumulada de 16,8%, entre 2013 e 2016, na produção física industrial, e uma taxa de desemprego média de 11,5% em 2016, ano de referência do estudo. Outra consequência da crise econômica, diz o documento, é a inversão do sentido da mobilidade social.

A parcela da população que se beneficiou da formalização do trabalho e viveu a ascensão da “nova classe média” se vê retornando à informalidade e perdendo poder de compra, enfrentando, ainda, elevados níveis de endividamento. Isso resulta em aumento da pobreza e maior dependência dos programas sociais e serviços públicos.

De acordo com o estudo, a crise econômica evidenciou também a falta de sustentabilidade da atual estrutura do Estado brasileiro. Conforme o documento, o crescente desequilíbrio entre receitas e despesas públicas torna mais urgente a necessidade de o Estado brasileiro rever seu tamanho e ampliar sua eficiência. Do ponto de vista político, o Brasil está imerso em um ambiente de elevada instabilidade desde as manifestações de 2013, passando pelo processo de impeachment e pela Operação Lava Jato, cujos desdobramentos finais ainda são imprevisíveis.

Às vésperas de novas eleições presidenciais, marcadas para outubro de 2018, há, segundo o estudo, uma crescente necessidade de reforma e reinvenção do Estado brasileiro para enfrentar os desafios econômicos, demográficos e sociais. “Somente com um Estado mais eficiente e com instituições que transmitam os incentivos corretos, o país será capaz de lidar simultaneamente com a escassez de recursos, com grandes passivos sociais e com os efeitos da rápida transição demográfica sobre os gastos com previdência e com saúde”, avalia o documento.

Nessa agenda, conforme o estudo, as empresas devem colocar em seus cenários a tendência de revisão e atualização dos mecanismos de interação do governo com o setor privado. O padrão atual mostra claros sinais de esgotamento: falta de recursos fiscais, ineficiência dos instrumentos, problemas de governança e questionamentos em órgão multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Nesse cenário, as empresas devem adaptar suas estratégias para cenários com menos proteção e com novas formas de relação com o Estado.

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